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No tempo pascal, os evangelhos proclamados nas missas apresentam diversas ocasiões em que Jesus Ressuscitado aparece para seus discípulos. Em uma dessas aparições, o evangelista São João narra que Jesus lhes disse: “A paz esteja convosco!” Em seguida, Jesus mostrou-lhes as mãos e o lado, de modo que os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Continua a narrativa: “Novamente, Jesus disse: ‘A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio’” (Jo 20,21).

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Ao desejarmos uns aos outros votos de Feliz Páscoa, seria muito importante assumirmos um compromisso em promover a paz, esse esplêndido dom que o Senhor Ressuscitado oferece a todos aqueles que nele creem. Essa paz não significa simplesmente ausência de conflitos e tensões, mas é uma graça da Páscoa de Cristo, consequência da nova e eterna aliança estabelecida entre Deus e a humanidade por meio do mistério da morte de Jesus na cruz e sua gloriosa ressurreição.

Quem faz valer o compromisso batismal, por causa de sua vocação de filho de Deus em Cristo Jesus, faz questão de testemunhar a fé procurando construir pontes.

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No sermão da montanha, Jesus ensina que a paz é uma bem-aventurança, ou seja, são felizes aqueles que a promovem, porque serão chamados filhos de Deus (cf. Mt 5,9). Promover a paz é deixar-se conduzir pelo Espírito do Ressuscitado, de modo a corajosamente derrubar muros que foram erguidos pelo pecado, com suas manifestações de ódio, traição, preconceito, que considera o outro um inimigo a ser eliminado da face da terra. Muros erguidos por motivações políticas sem qualquer compromisso com a promoção do bem comum e da justiça social; muros erguidos até mesmo por alguns cristãos, cuja motivação religiosa nem sempre considera a revelação feita por Jesus a respeito do mistério de Deus, que é amor, justiça, misericórdia, comunhão, paz.

Quem faz valer o compromisso batismal, por causa de sua vocação de filho de Deus em Cristo Jesus, faz questão de testemunhar a fé procurando construir pontes, unindo no amor o coração das pessoas com o coração de Deus e delas entre si. Ajudar as pessoas em seu processo de reconciliação, muitas vezes doloroso e dramático, é uma linda maneira de testemunhar o amor de Deus, testemunhar que o Senhor Ressuscitado, vencedor da morte e do pecado, nos tornou participantes de sua santidade, de seu Reino de amor e paz.

No primeiro dia do ano de 2023, em sua mensagem por ocasião do dia mundial da paz, o papa Francisco destacou o modo como a humanidade soube superar os problemas impostos pela pandemia da Covid-19, por exemplo, através “de respostas que viram grupos sociais, instituições públicas e privadas, organizações internacionais unidos para responder ao desafio, deixando de lado interesses particulares”. Em seguida, o Santo Padre faz menção à paz, afirmando que “só a paz que nasce do amor fraterno e desinteressado nos pode ajudar a superar as crises pessoais, sociais e mundiais”.

Entrego a você, meu irmão, minha irmã, essa singela reflexão, com um sincero desejo de que a Páscoa de Jesus ressuscitado seja celebrada de tal forma que a paz do Senhor transforme a nossa vida pessoal, familiar e comunitária, colaborando assim com a edificação de um mundo mais fraterno, solidário e justo, na expectativa de alcançarmos a paz sem fim.

Wagner Ferreira da Silva é padre e presidente da Comunidade Canção Nova.

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