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Uma solução para a concentração bancária

(Foto: Pixabay)

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Foi manchete recente nos principais portais do país: o Banco Central quer dobrar a participação das cooperativas de crédito no sistema financeiro até 2022. Hoje o segmento representa 10% do setor e a meta é que a fatia aumente para 20% em pouco mais de um ano. Mas por quê? O que é preciso rever na organização financeira do país? A resposta tem uma palavra: concentração.

Em 2019, os cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander) detinham 81% dos ativos totais do segmento bancário no país. Além disso, acumulavam 83,4% dos depósitos e 83,7% do total das operações. Os dados são do mais recente Relatório de Economia Bancária, divulgado em junho deste ano pelo BC.

Novas regras ainda em fase de aprovação permitirão que as cooperativas de crédito tenham associados de qualquer lugar do país – hoje há restrições relativas à área de atuação da cooperativa. Será exigido apenas que elas prestem efetivamente os serviços ao cooperado e atendam por meio virtual. E vem mais novidade: com as mudanças em curso na legislação, o cooperado de uma instituição poderá tomar crédito em outra caso a sua cooperativa não disponha do volume suficiente de recursos. Isso abrirá caminho para que empresas maiores passem a operar com cooperativas de crédito.

Com isso, o cooperativismo de crédito brasileiro tende a se expandir ainda mais. Em 2015, o setor detinha uma participação de 5,9% no sistema financeiro. Em setembro de 2020, segundo estimativa do Banco Central, a fatia cresceu para 10%. Com maior capilaridade, as cooperativas de crédito atuam como reguladores de preços no mercado, evitando que as taxas sejam precificadas apenas pelos cinco maiores bancos. Além disso, impulsionam a economia local, pois os recursos de uma cooperativa de crédito são reinvestidos na região, retroalimentando a cadeia produtiva.

Uma pesquisa divulgada pelo Sicredi em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) cruzou dados dos municípios brasileiros com e sem cooperativas de crédito. Resultado: onde há cooperativismo forte, o PIB per capita é 5,6% maior, existem 6,2% mais vagas de trabalho formal e 15,7% mais estabelecimentos comerciais. Ou seja, as cooperativas estimulam o empreendedorismo local. Para quem é cooperado também há vantagens. A principal é a possibilidade de participar das decisões, uma vez que o cooperado é o dono de uma cooperativa, mas existem outros benefícios, como as taxas atraentes e o retorno das sobras do exercício, já que a cooperativa não tem fim lucrativo.

O sistema financeiro do país só tem a ganhar abrindo mais espaço para o cooperativismo.

Marcelo Vieira Martins é diretor-executivo da Unicred União e autor de “Feito à Mão – As pessoas no centro das transformações”.

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