Uma missão está nas mãos dos gestores públicos do Paraná: intensificar o trabalho de enfrentamento da pandemia na educação e a retomada das aulas presenciais nas escolas públicas do estado. Tem sido louvável o esforço do estado nesse trabalho, já iniciado, de retomada das aulas presenciais – não sem avanços sucedidos por recuos, divisões sobre a reabertura das escolas, dúvidas sobre a segurança de alunos, professores e profissionais. Mas, no saldo geral, a perspectiva é positiva.
Apesar da volta às aulas presenciais em julho, há um longo caminho a percorrer. O desafio é garantir que esse processo se dê de forma ampla no estado, superando os medos e resistências, reduzindo o risco de judicialização e outras ameaças e problemas identificados Brasil afora. O chamado vale para o governador, prefeitos, secretários de Educação e Saúde, gestores educacionais, professores, parlamentares – toda e qualquer pessoa que esteja preocupada com o presente dos alunos e o futuro do estado.
Os efeitos brutais da pandemia sobre o aprendizado e as desigualdades educacionais não são algo facilmente mitigável. Organizações como Unesco e Unicef têm apontado as múltiplas dimensões do impacto, como perdas de aprendizagem, riscos de abandono escolar e consequências psicossociais. Os prejuízos não devem ser vistos como irrecuperáveis, mas há muito trabalho a fazer.
Acelerar o retorno às aulas presenciais de forma gradual, segura e efetiva, portanto, é a missão que deve unir a todos – e a tarefa vai muito além da reabertura pura e simples. Pesquisadores ligados à Rede de Pesquisa Solidária, da Universidade de São Paulo (USP), divulgaram estudo que identificou lacunas nos protocolos estabelecidos para a retomada das aulas presenciais. Eles concluíram que a falta de coordenação entre o governo federal e os que estão na linha de frente do combate ao coronavírus levou muitos governadores e prefeitos a investir em políticas pouco eficazes. O Paraná obteve nota 65 (no máximo de 100). Apesar do bom resultado, é fundamental reforçar a necessidade de seguir algumas premissas essenciais:
A primeira é a aceleração da vacinação dos professores. Como outros estados, o Paraná avançou na vacinação dos profissionais de educação de maio para cá, e, ainda que não deva ser entendido como condicionante para o retorno, isso é aspecto fundamental dado o contexto atual e para aumentar a segurança e a confiança da comunidade escolar.
Em seguida, foco na organização e na implementação dos protocolos sanitários já conhecidos, como distanciamento social, uso de máscaras específicas, disponibilização de álcool em gel, ventilação, sanitização dos ambientes, além de monitoramento e rastreamento dos casos.
Além disso, reconhecer a inadequação de algumas escolas dentro das redes de ensino e prepará-las para tal. Essa inadequação, todavia, não pode imobilizar o avanço onde já existem condições de infraestrutura. Acima de tudo, exige que governos estaduais e prefeituras iniciem reformas e melhorias na infraestrutura escolar nos locais ainda não adequados.
E não basta apenas reabrir as escolas, é preciso que a resposta educacional seja contundente. Há um conjunto de respostas necessárias, como a busca ativa por alunos, estratégias de acolhimento e recuperação de aprendizagem, e atenção especial a alunos mais pobres e em situação de vulnerabilidade.
Por fim, coordenação e cooperação entre estados e municípios. Se é uma regra de ouro para a melhoria de políticas educacionais em geral, torna-se mais necessária numa crise. Isso inclui o compartilhamento de estratégias, apoio técnico e financeiro, e comunicação entre lideranças políticas. O Paraná sabe bem disso, como mostra o Programa Educa Juntos, parceria do governo estadual e prefeituras para desenvolver ações colaborativas na educação.
É um trabalho complexo e desafiador, mas exatamente por isso não podemos esperar o fim da pandemia, ou vermos uma população 100% vacinada. Nós, do Todos Pela Educação, temos defendido por todo o Brasil esta ideia-força, capaz de mover corações e mentes de Norte a Sul do país: uma reabertura das escolas de forma gradual, segura e efetiva. Uma retomada das aulas presenciais que preserve a vida e a segurança da comunidade escolar e assegure o presente e o futuro de milhões de crianças e jovens. Não há melhor e mais poderoso projeto de país do que este.
Priscila Cruz é presidente executiva do Todos Pela Educação.
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