O papa Francisco estará visitando Cuba nos dias 19 a 22 e os Estados Unidos, nos dias 22 a 27 de setembro. Uma visita que primeiramente visava apenas à participação no Encontro Mundial das Famílias está se tornando uma agenda de peso internacional, pois a viagem vai muito além dos compromissos eclesiais que o papa teria. Em Cuba, Francisco vai se encontrar com o presidente Raúl Castro, juventude, famílias e religiosos. Nos Estados Unidos, além da participação no Encontro da Família, o pontífice vai ter um encontro com o presidente Barack Obama e também falará ao Congresso norte-americano (o primeiro papa a fazer isso) e à Assembleia Geral da ONU. No contexto de líder mundial, Francisco vai se encontrar com sem-teto, imigrantes e crianças pobres em Washington e visitará uma prisão na Filadélfia.
Esta viagem papal traz dados especiais, abrangendo grandes eventos – como os encontros na Praça da Revolução, em Havana, e os discursos no Congresso norte-americano e nas Nações Unidas – sem deixar de se encontrar com os mais desvalidos. Há muito interesse sobre esta visita papal a Cuba e aos Estados Unidos, especialmente neste momento em que o mundo (de modo especial a Europa e a América do Norte) vive uma crise migratória e conflitos de países em outros continentes.
Os valores vividos na família são os fundamentos para que a sociedade cresça e viva a harmonia e a paz duradoras
Em Cuba, mesmo antes da visita papal, o governo de Castro, já desejando mostrar boa vontade aos apelos do papa Francisco, concedeu liberdade a 3.522 presos políticos, o maior número desde a Revolução de 1959. Nos Estados Unidos, os católicos se preparam não apenas para receber o papa, mas também já se mostram mais dispostos a compartilhar com os mais pobres e ter uma maior consciência eclesial e social.
O papa Francisco tem afirmado as suas críticas ao socialismo histórico que amputou a liberdade, valor fundamental na moral católica, e não tem resolvido a questão da pobreza. Mas a sua crítica tem sido contundente também ao “capitalismo selvagem” que escraviza milhões de humanos na miséria, em que os bens ficam reduzidos apenas a uma parcela da humanidade e dois terços vivem na marginalidade.
Diante do Congresso, em que vários deputados e senadores são contra o acordo dos Estados Unidos com Cuba, espera-se que Francisco reforce a importância da solidariedade e expresse sua firme posição sobre a responsabilidade de Washington em favor da justiça social, além da ação concreta em limitar a contaminação, em favor de uma transição das energias fósseis às energias renováveis. Em Nova York, com os líderes das Nações Unidas bem perto da Wall Street, o papa deverá tratar de uma economia em vista do humano e pedir a superação do ultraliberalismo econômico, em que as finanças cegas têm causado exclusão de milhões de pessoas dos meios necessários a uma vida digna.
No entanto, os Estados Unidos têm uma forte tradição de liberdade religiosa, e nisto o papa deverá somar para defender que em todo o planeta esta liberdade seja vivida por todos, especialmente neste tempo em que o fundamentalismo religioso tem produzido injustiças e migrações forçadas. A religião perde o seu sentido se não semeia a paz e a solidariedade.
O papa Francisco participará do Encontro Mundial das Famílias – razão inicial de sua visita aos Estados Unidos –, na Filadélfia, nos dias 26 e 27 de setembro, fortalecendo a visão católica de que é na família que germinam as práticas mais sadias a uma sociedade e a prática religiosa. Os valores vividos na família são os fundamentos para que a sociedade cresça e viva a harmonia e a paz duradoras.
Enfim, existem muitas expectativas positivas sobre a viagem a Cuba e aos Estados Unidos, pois em ambas as visitas a força do Evangelho, boa nova, será anunciada em todos os cantos do planeta através das mídias modernas. E os frutos do Evangelho são santidade, solidariedade, reconciliação e amor. “Permanecei em meu amor”, diz Jesus (Jo 15, 9).
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