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Vacinas: é melhor prevenir do que remediar?

segurança da vacina
Vacinação contra gripe iniciou no dia 10 de abril. (Foto: MICHAEL DANTAS/AFP or licensors)

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Já dizia o velho ditado: “Prevenir é melhor que remediar”. Houve um tempo em que milhões de pessoas perdiam a vida para doenças curáveis ou evitáveis como tuberculose, poliomielite, tétano, raiva, cólera, difteria, varíola, além de muitas outras. Graças ao advento das vacinas, muitas dessas doenças deixaram de representar uma ameaça à saúde individual e coletiva.

Desde 2020, vivemos uma demonstração do que é ser impotente contra uma doença infecciosa. A pandemia de Covid-19 impactou desde a saúde física e mental de cada indivíduo, até a economia global, desafiando o mundo com diversas questões complexas, que se perpetuarão por décadas.

Dados recentes mostram que, em alguns estados brasileiros, a aplicação de alguns imunizantes chegou a ter queda de 65% em 2020.

A retomada das atividades em todos os setores só foi possível, em primeiro lugar, pelo gigantesco esforço da comunidade científica no desenvolvimento de uma vacina, capaz de proteger a população, sendo esse o caminho para conter a pandemia e prevenir o avanço da doença.

Uma ressalva à expressão “deixaram de representar”, usada no início deste artigo: sabemos que os índices de cobertura vacinal no país vêm apresentando uma queda drástica e alarmante nos últimos anos – mais especificamente desde 2015 –, acentuada no período de pandemia. Dados recentes mostram que, em alguns estados brasileiros, a aplicação de alguns imunizantes chegou a ter queda de 65% em 2020 enquanto, no mundo, a redução foi de cerca de 30%. Uma realidade preocupante no país que é reconhecido internacionalmente pelos programas de amplo acesso à vacinação e pela atenção da população brasileira com a importância da vacinação.

Falando especificamente da vacina contra papilomavírus humano (HPV), que passou a ser oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2014, esta é parte importante da estratégia na erradicação do câncer de colo de útero, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2019, 87,08% das meninas com idades entre 9 e 14 anos receberam a primeira dose da vacina; em 2022, a cobertura caiu para 75,91%; a segunda dose atingiu 57,44%. Já entre os meninos na mesma faixa etária, a vacinação caiu de 61,55%, em 2019, para 52,16%, em 2022; e a segunda dose ficou com 36,59%.

As causas para a baixa adesão a essa vacina são diversas – desinformação sobre o tema nessa faixa etária, disseminação de notícias falsas, preconceito, tabus, dificuldade de acesso aos locais de vacinação e receio de uma possível reação adversa.

Ao redor do mundo, diversos países que intensificaram a estratégia de imunização contra o HPV observaram redução drástica dos casos de câncer de colo de útero. O exemplo mais bem-sucedido é o da Austrália, que prevê erradicar a doença até 2028. O país foi o primeiro, em 2007, a incorporar a vacina do HPV em seu esquema nacional de vacinação e, em 2018, o país ampliou o acesso à vacina nonavalente. Um ótimo exemplo de que prevenir é, em todos os aspectos – sociais, econômicos e de saúde – muito melhor do que remediar.

Investir em campanhas de conscientização e intensificar as oportunidades de acesso é urgente para evitar que doenças eliminadas voltem a nos assombrar, além de fazer com que o Brasil volte a apresentar os altos índices de imunização que nos tornaram referência mundial.

Márcia Datz Abadi é diretora médica da MSD.

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