O desafio está em empregar os recursos públicos, para a educação básica, com mais eficácia, eliminando as perdas e a corrupção

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Plutarco, filósofo grego, deixou escrito que: "Um exército de cervos comandado por um leão é muito mais temível que um exército de leões comandado por um cervo!" Um exército com uma boa liderança e soldados de talento mediano é mais eficaz do que outro, possuindo soldados excepcionais, porém mal liderados.

A educação em nível nacional necessita da visão dos bons líderes, porquanto exige a resposta, de médio e longo prazos, ao Censo da Educação Superior publicado no mês passado pelo MEC. Os bons líderes atuam no "ponto de desequilíbrio" concentrando o foco da sua atenção na identificação e na exploração dos fatores de influência desproporcional para obter resultados organizativos. Um exemplo disso ocorreu na Coreia do Sul, que, com liderança efetiva, passou à condição de país desenvolvido em duas décadas. Enfrentou a batalha da educação de forma inteligente tomando decisões e contando com pessoas que fizessem a diferença.

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Verifica-se que, das 3.164.679 vagas oferecidas aos cursos de ensino superior em todo o país em 2009, somente 1.511.388 foram preenchidas. Entre as vagas das universidades públicas, 354.331 (de um total de 393.882) foram ocupadas. Entre os institutos de ensino particulares, o número de vagas ociosas foi maior. Das 2.770.797 vagas oferecidas, somente 1.157.057 foram preenchidas.

Nas universidades públicas – federais, estaduais e municipais –, em 2009 ficaram ociosas 39,5 mil vagas, correspondendo 27,6 mil delas aos municípios, 10 mil aos estados e 1,9 mil às universidades federais. Esse indicador é chave para medir a eficácia do sistema de educação superior público, pois continuamos a gastar mal.

Há uma perda de 10% de recursos. Cada vaga nas universidades federais custa aos cofres públicos em torno de R$ 12 mil por ano. Podemos em uma primeira estimativa avaliar em R$ 474 milhões por ano, que vão para o ralo.

As pesquisas efetuadas pelo Instituto Lobo indicam que, atualmente, metade dos universitários não se forma. Constatam que: "No caso do Brasil, ela (a evasão) foi de 51% em 2005, já que 718 mil estudantes se formaram naquele ano, número bastante inferior ao 1,4 milhão que, em 2002, entrou no sistema. Os 49% restantes representariam, portanto o contingente estimado que evadiu do sistema". Essa taxa, segundo esse estudo, continua hoje no mesmo patamar.

Comparativamente, no Japão, a evasão; medida como a taxa de estudantes que não concluem o curso superior após quatro anos, situa-se em torno de 7%, no México é de 31%, enquanto a nossa evasão, contando todas as instituições de ensino superior, é a mesma que a da Colômbia, com 51%.

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O Instituto Lobo avalia, em base anual, que no ensino superior nacional, "a taxa em todo o sistema foi de 22%. Isso significa que 750 mil alunos deixaram de estudar em 2005. Essa taxa, no entanto, é maior na rede privada (25%) do que na pública (12%). Ao longo dos últimos cinco anos, tanto a taxa de evasão anual, quanto a evasão em quatro anos, ficaram estáveis".

Pensava-se que a questão financeira fosse a causa principal da evasão, mas não é verdade. As últimas pesquisas revelam que as variáveis mais influentes são o desestímulo pela falta de qualidade dos cursos escolhidos, a falta de conhecimento prévio dos candidatos sobre a carreira que se pretendia seguir e a péssima qualidade do ensino básico cursado pelos candidatos.

Oscar Hipólito, outro pesquisador, verificou que: "de 2004 para 2005, o número de matrículas no ensino superior aumentou em 290 mil. O número de alunos que evadiram do sistema, no entanto, foi muito maior (750 mil). A perda desses alunos causa prejuízos tanto para a rede pública quanto para a privada, já que você mantém toda uma estrutura para receber aquele aluno, mas ele não está mais estudando".

A desorientação no comando da educação nos sugere aplicar o pensamento de Plutarco e dedicar os esforços nos pontos de desequilíbrio, que afetam substancialmente o resultado final. As pesquisas de Maria Cristina Gramani revelam que a melhoria de qualidade do ensino infantil, fundamental e médio melhoram a taxa de progressão dos estudantes para os sucessivos níveis.

Para conseguir a expansão consistente dos cursos superiores requer-se a atuação estratégica na educação básica. Hoje o ponto de desequilíbrio necessita da valorização sem precedentes do magistério público, e se concentrem esforços para tornar atrativa a profissão de professor. O desafio está em empregar os recursos públicos, para a educação básica, com mais eficácia, eliminando as perdas e a corrupção.

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Paulo Sertek, professor da FAE, é doutor em Educação pela UFPR e autor dos livros: Responsabilidade Social e Competência Interpessoal; Empreendedorismo; e Administração e Planejamento Estratégico. E-mail: paulo-sertek@uol.com.br