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A imagem foi amplamente divulgada nos veículos de comunicação e gerou revolta: 25 postes de iluminação do Parque Vista Alegre foram atacados e derrubados na madrugada do último dia 8, deixando no local uma paisagem desoladora. O parque foi inaugurado há menos de seis meses, em setembro de 2015, e não é a primeira vez que sofre vandalismo: antes já havíamos registrado o roubo de parte da fiação elétrica.

A destruição dos postes de iluminação de um parque público não gera lucro a ninguém. É apenas a expressão estúpida da falta de respeito e de sentido de coletividade. Falta aos agressores do patrimônio público a noção de que o vandalismo não afeta apenas o poder público, mas também – e especialmente – a comunidade, que paga a conta, por meio dos impostos que recolhe, e se vê privada do direito de usufruir de áreas de lazer bem cuidadas.

Nos últimos meses, outros episódios do gênero forem registrados. Vândalos provocaram incêndio no Parque dos Tropeiros, houve furtos no Jardim Botânico e as instalações elétricas do Parque da Imigração Japonesa, ainda em construção, foram quebradas e roubadas nada menos que quatro vezes. Pintamos as paredes e muros do Parque Guairacá uma dezena de vezes e as do bosque da Fazendinha, 14 vezes.

Os jovens precisam compreender a importância e o custo da conservação do patrimônio público

Em fevereiro, atendendo a um pedido da comunidade, entregamos um vestiário num campo de futebol que é utilizado para um projeto social com crianças no bairro Moradias da Ordem, região do Tatuquara. Na véspera, a edificação teve porta, telhas e azulejos quebrados. Em muitas das nossas unidades de conservação foram roubadas torneiras, pias, lâmpadas, janelas e portas, além do vandalismo puro e simples, como a quebra de árvores pequenas e arrancamento de mudas de plantas. Lembro que uma muda de árvore leva de três a cinco anos de trabalho no Horto Municipal da Barreirinha para ficar pronta para o plantio.

Este não é um problema que se resolva colocando um guarda ou uma câmera em cada poste. É preciso que o tema seja abordado nas escolas e nas famílias, muito especialmente com os jovens, que precisam compreender a importância e o custo da conservação do patrimônio público. Além disso, precisamos todos estar vigilantes para denunciar ações de vandalismo às autoridades policiais.

Todos nós que vivemos em Curitiba temos orgulho dos nossos parques e fazemos questão de mostrá-los a quem nos visita. Além de serem áreas de conservação, eles embelezam a cidade, reduzem o risco de inundação e funcionam como importantes espaços de lazer. Apenas na atual gestão, foram ou estão para ser inauguradas seis novas áreas: os parques Guairacá, Garrincha, Vista Alegre e Mairi, o Bosque dos Mundiais e a Reserva do Bugio. Essa expansão favoreceu especialmente a região Sul da cidade, que não contava com áreas verdes abertas à população.

As novas áreas vieram se somar a unidades já tradicionais em Curitiba, como os parques Barigui, Tanguá e São Lourenço e o Jardim Botânico. A manutenção dessa estrutura é cara. Como exemplo, mensalmente aplicamos R$ 25 mil na manutenção do Parque Bacacheri e R$ 80 mil na manutenção do Barigui, sem considerar investimentos novos, segurança e o custo do vandalismo. Uma parte do IPTU de cada curitibano será utilizada para consertar e repor em parques, praças, escolas, postos de saúde e outros equipamentos tudo o que é destruído por vândalos.

Convido a todos a ocupar nossos parques e unidades de conservação de forma sadia, valorizando o patrimônio natural e o dinheiro que é de todos.

Renato Eugenio de Lima, geólogo, professor da UFPR e consultor da ONU, é secretário de Meio Ambiente de Curitiba.
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