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Vidas em jogo: cultura de segurança nas estradas é responsabilidade de todos

Complexo de rodovias segue traçado da BR-101 no Paraná
Trecho da BR-277 na região de Morretes, no litoral do Paraná. (Foto: Roberto Dziura Jr. / AEN)

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As rodovias e estradas brasileiras são palco de constantes desafios relacionados à segurança viária, em especial quando ocorrem acidentes envolvendo veículos pesados e de grande porte. Levantamento feito pela Polícia Rodoviária Federal em 2023 revelou um número alarmante com acidentes envolvendo esse tipo de veículo, com vítimas fatais. Foram 17,5 mil ocorrências que causaram 2.500 mortes.

No Paraná, a situação não é diferente se levarmos em conta o mesmo perfil. Ao analisar um dos trechos mais movimentados da BR-277, que liga Curitiba a Paranaguá e integra o principal corredor de exportação do estado, é possível perceber que os dados sobre segurança na estrada também são assustadores.

Muitos acidentes são causados por falhas humanas como dirigir em excesso de velocidade, sem respeitar as leis vigentes, e fazer ultrapassagens perigosas em locais não permitidos

De fevereiro a agosto deste ano, foram registrados 613 acidentes, dos quais 20% com veículos de transporte pesado, causando a morte de 16 pessoas. Em geral, a letalidade nessas ocorrências costuma ser alta porque os veículos têm alto potencial de destruição devido ao tamanho e demais características técnicas, associado a habilidade de direção dos motoristas, submetidos algumas vezes a jornadas de trabalho intensas. Em tempo: as rodovias são o principal modal por onde escoam 65% da produção agrícola do país.

Segurança viária deve ser a preocupação diária de todos que atuam direta e indiretamente com as rodovias e estradas. O número elevado de acidentes com veículos de grande porte representa um sério risco para motoristas e demais usuários, e deixa claro que se faz urgente repensar as políticas de prevenção e ações educativas.

É necessário investir na educação e conscientização dos motoristas e usuários. Muitos acidentes são causados por falhas humanas como dirigir em excesso de velocidade, sem respeitar as leis vigentes, e fazer ultrapassagens perigosas em locais não permitidos, associados com a falta de manutenção dos veículos. Entretanto, o uso do telefone celular ao volante tem se revelado o grande fator causador e de agravamento dos acidentes e isso é muito preocupante.

Acreditamos que programas de formação específicos para motoristas de caminhões devem ser prioridade e devem ir além das habilitações básicas, oferecendo conteúdos e treinamento sobre direção defensiva, cuidados com a carga e como lidar em situações adversas na rodovia, como chuva e neblina, dois fatores climáticos comuns na Serra do Mar, um dos trechos da BR 277. Para os demais condutores, investir em campanhas educativas com frequência de forma que se conscientizem para redução de acidentes.

Ainda nesse cenário, o papel das autoridades é crucial atuando na fiscalização intensiva. Neste sentido, a EPR Litoral Pioneiro, que administra a BR 277 entre Curitiba e o litoral do Paraná, entre outras rodovias no estado, vem, desde o início de sua operação, atenta aos problemas de segurança viária, priorizando, inclusive, a revitalização da área de escape do km 36 na Serra do Mar, que, só neste ano, já salvou mais de 60 vidas.

Entretanto, para além de outros dispositivos de segurança viária que serão construídos futuramente, como áreas de escape e pontos de parada de descanso (PPD para caminhoneiros), é chegada a hora de promovermos um trabalho conjunto entre todos os atores deste segmento para que se crie uma cultura de segurança nas estradas, com coalizão de esforços e metas concretas para a redução de acidentes. Afinal, o que está em jogo, são vidas humanas.

Marcos Oliveira Moreira é diretor presidente da EPR Litoral Pioneiro e advogado.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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