O ingresso do Brasil na tecnologia 5G é de imensa importância para a retomada do crescimento, inserção mais competitiva do país no contexto da globalização, alinhamento ao elevado grau tecnológico das nações mais avançadas, digitalização crescente de todas as atividades e ingresso na Quarta Revolução Industrial. Assim, as decisões sobre o tema devem ser pautadas única e exclusivamente pelas vantagens técnico-econômicas, sem discriminar povos e ideologias. Teorias contrastam com a decisão embasada, inteligente e estratégica que precisamos tomar nessa questão.
Afinal, estamos nos preparando para ser também protagonistas de uma nova era do desenvolvimento, representada pelo advento do 5G. Mais pessoas poderão estar conectadas ao mesmo tempo, com maior velocidade de navegação em dispositivos móveis, como tablets e celulares. Cidades e eletrodomésticos inteligentes, entregas de encomendas por drones, carros autônomos, identificação facial de criminosos por meio de sensores em postes, cirurgias a distância, automatização do agronegócio e videochamadas em 3D são alguns dos avanços proporcionados pela nova tecnologia.
E há vantagens mais amplas. A navegação na web será até 100 vezes mais rápida do que se verifica nos sistemas sem fio atuais. Poderemos baixar filmes em nossos celulares em menos de três segundos. O consumo de energia será menor e as baterias durarão muito mais, algo congruente com o conceito “mais por menos” e os preceitos da economia sustentável, reforçados pelos alertas que a pandemia da Covid-19 fez à humanidade.
O 5G, que representará um salto em direção à inteligência artificial e à internet das coisas, deverá gerar negócios de US$ 11 trilhões em 2025, conforme estimativas da consultoria McKinsey & Company. Estamos falando de aumento significativo de produtividade, redução de custos e surgimento de novas soluções.
Contudo, para contarmos com esse fantástico futuro, inimaginável há poucos anos, alguns obstáculos precisam ser vencidos. A tecnologia é cara e a infraestrutura, dispendiosa. Tudo se torna mais crítico quando falamos da necessidade de manutenção da saúde das empresas, abaladas pela crise provocada pela pandemia. Em todo o mundo, os distintos mercados enfrentam complexas turbulências.
Nesse cenário, torna-se premente reduzir despesas para transformar o capital, que anda escasso, em investimentos e geração de empregos, ampliando a conectividade brasileira. Tal desafio traduz-se, dentre outros requisitos, em não termos um leilão arrecadatório e restritivo, pois isso limitaria determinados fornecedores e tecnologias.
Há um debate sobre a proibição de produtos chineses, sob alegações relativas à segurança nacional. Tal preocupação, contudo, deve estar sempre presente e se aplica a produtos e equipamentos advindos de quaisquer nações. Todos os fornecedores, independentemente da origem, têm comprovado até o momento serem fiéis ao pressuposto da soberania nacional. Restrições sem embasamento atentam contra os princípios da democracia, da economia de mercado e do comércio global. Seria uma falta de critério, com impacto nos custos, que aumentariam, prejudicando toda a economia, num danoso efeito em cascata, considerando a importância vital da internet e das telecomunicações.
Muito mais importante e prudente do que restringir a competição é zelar pela qualidade do sistema e boas práticas e exigir equipamentos importados legalmente e certificados pela Anatel. Também são fundamentais a qualidade da mão de obra e a garantia da segurança das redes. O Brasil necessita, sim, de empresas sérias, que continuem resguardando a segurança nacional e contribuam para a digitalização dos processos.
Tais avanços são decisivos para inserir nosso país na vanguarda de um novo tempo, ao lado das nações mais civilizadas e desenvolvidas. Cabe ponderar que o pensamento avançado também é incentivador da modernização tecnológica.
Vivien Suruagy é presidente da Federação Nacional de Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra).