Os jornais e a televisão nos informaram que no dia 5 de outubro de 2023 quatro médicos que participavam de um Congresso no Rio de Janeiro, foram sentar em quiosque na Barra da Tijuca. Três deles morreram e um, mesmo tendo sido alvejado por 14 projeteis, conseguiu chegar vivo ao hospital. As autoridades concluíram que o atentado aconteceu porque bandidos teriam confundido um dos médicos com a figura de um miliciano, verdadeiro alvo dos assassinos.
Diante da fatalidade atroz que acomete a sociedade do Rio de Janeiro –formada por pessoas de bem que moram tanto em áreas nobres quanto nas favelas – e diante da impossibilidade das autoridades em combaterem o crime organizado que impune se apresenta há anos sobre aquela terra, me lembro de Castro Alves que se vivesse, hoje, incrédulo diria: “Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? / Em que mundo, em que estrela tu te 'escondes / Embuçado nos céus? / Há dois mil anos te mandei meu grito, / Que embalde desde então corre o infinito... / Onde estás, Senhor Deus?”
E a fatalidade atroz que a mente esmaga – copiando Castro Alves – não para com a morte dos três médicos. Soube-se que os quatro executores foram mortos por seus chefes em decorrência do lamentável engano cometido.
Que filme de terror com enredo de fazer inveja a Kafka, estamos presenciando neste Brasil de 2023? Onde estão as forças de segurança que através de um mecanismo de inteligência possa monitorar os fora da lei de maneira que não permitam que eles matem médicos que estavam tranquilamente aproveitando um fim de tarde na Barra da Tijuca?
Onde estão as forças de segurança que permitem que os chefes de uma facção criminosa façam justiça com as próprias mãos e apliquem a pena capital contra os quatros homens que cometeram um engano ao executarem uma ordem? Onde estão as autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário que não estabelecem um programa de combate ao crime organizado como forma de trazer paz as comunidades do Rio de Janeiro e de todas as capitais brasileiras cuja população vive sob a custódia do medo e da insegurança, diante do potencial dos malfeitores?
Não tenho resposta para isso. Mas fica na esperança de quepossamos no futuro não ver mais notícias como essas e que nossos pósteros possam viver em paz e segurança, nas ruas, nas praças e nos quiosques da beira das lindas praias brasileiras que se encontram, hoje, manchadas de vermelho de sangue derramado pela prática de mortes violentas que já viraram rotina em nosso país.
Erner Antonio Freitas Machado é consultor financeiro e imobiliário.
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