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O projeto de lei prevê que as escolas deverão ter espaços de escuta aos alunos
Imagem ilustrativa.| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Os últimos acontecimentos nas escolas brasileiras me fizeram relembrar um fato familiar, quando uma criança de sete anos caiu do balanço do prédio onde morava e bateu com a cabeça no chão. Sua vida foi interrompida por falta de planejamento e ações adequadas. Ao fazer um paralelo com a violência presente em nossas escolas, percebo o quanto é preciso rever o sistema de segurança, que de maneira geral são muito abertas e fáceis de entrar, com o que quer que se tenha em mãos.

Casos como o do ex-aluno adolescente que volta à escola com sentimento de revolta, o jovem armado que entra em uma instituição de educação infantil sem ser percebido, nos deixam perplexos. Parece que temos mais perguntas do que respostas. Mas uma coisa parece fundamental – a escola mais do que nunca está sendo convidada a se repensar. Nossos professores estão preparados para enfrentar atitudes diferentes e inesperadas dos alunos? A direção discute estas situações com seu corpo docente e com as famílias? Em suas reuniões pedagógicas encontramos espaço para refletir sobre os alunos para além das notas?

Não podemos aceitar que casos de violência se tornem práticas recorrentes. É preciso fazer algo.  

No filme Escritores da Liberdade, a protagonista, ao conversar com um dos alunos, que está por um fio e prestes desistir da escola, diz: “Eu te enxergo”. Esta frase é fundamental na relação entre professor e estudante; ela deixa claro para ele que percebe o que está acontecendo em relação a sua história familiar e escolar.

Pergunto: nossos professores conseguem ver seus alunos? São capazes de distinguir suas atitudes? Sabem dizer o que eles sabem ou não sobre determinados assuntos? Podem salientar suas habilidades predominantes? São próximos das famílias? Conversam individualmente com os alunos sobre sua situação acadêmica?

Em geral, nós, professores, estamos tão sobrecarregados com o dia a dia que mal conseguimos dar conta do planejamento e das atividades de ensino a serem transmitidos para a turma, por isso não conseguimos observar como estão as relações interpessoais naquele determinado grupo.

É necessário tomarmos medidas urgentes para que retomemos o seu lugar de direito e de fato; uma instituição importante e fundamental no desenvolvimento de cidadãos críticos, comprometidos com o outro e competentes nas habilidades básicas. Acredito que todos precisamos discutir e enfrentar os fatos para encontrarmos soluções de prevenção e intervenção para os desafios da escola contemporânea. Não podemos aceitar que casos de violência se tornem práticas recorrentes. É preciso fazer algo.

Evelise Maria Labatut Portilho é pedagoga, psicopedagoga e professora titular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).  

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