Vivemos em um país incrivelmente abundante, com uma riqueza natural impressionante e uma diversidade cultural que impressiona quem nos visita. Mas, ao mesmo tempo, somos um dos países mais desiguais do mundo; mais de 40% das pessoas não têm saneamento básico e 13 milhões de pessoas vivem em estado de extrema miséria. Isso significa que existem pessoas, em nosso país, que vivem com apenas R$ 89 por mês.
Essa realidade é inimaginável para muitos. É como se vivêssemos em bolhas e esta realidade fosse muito, mas muito distante de nós. Muitas vezes, lemos sobre essa desigualdade, nos sensibilizamos e, depois, como se fosse um livro, fechamos suas páginas e seguimos construindo a nossa própria história. Mas, afinal, por que estou escrevendo isso?
Li uma pesquisa recentemente que revela que somos um dos países menos generosos no mundo. Todos a quem falo isso me respondem “Nossa, nunca imaginei. Achei que éramos generosos”. Mas, por mais que pareçamos ser um povo empático, há pouco envolvimento de boa parte da sociedade nos temas que citei acima. No fim, estamos fazendo muito pouco individualmente.
Não importa o que você esteja fazendo agora; você pode, sim, mover o mundo
Também escrevi sobre isso porque quero que o leitor me ajude a quebrar uma narrativa que se tornou quase um mantra entre CEOs e diretores nos dias atuais. “Muito bonita essa preocupação, mas, se não dermos lucro, não geramos emprego”. Essa fala dá a entender que a preocupação com o país e com as mazelas sociais não caminha junto com resultado, riqueza e lucro. Isso me preocupa porque parece que temos de fazer uma escolha: ou ajudar a gerar impacto social ou dar lucro. Com isso, outro problema que também me assusta é estabelecer a cultura de que a hierarquia é absoluta. Não temos a coragem de confrontar líderes em suas posições simplesmente porque não achamos certo, mas o que mais precisamos hoje é de pessoas que façam isso.
Tentarei ser mais claro porque quero que o leitor entenda aonde quero chegar. Uma determinada empresa perde, neste ano, quatro colaboradores dirigindo veículos da empresa a trabalho. O valor de indenização total foi de R$ 4 milhões. Se o líder olhar somente o número, já deveria agir para melhorar seu resultado. Mas e se ele parar e visitar os filhos que não terão mais seus pais de volta em casa? E se ele entender as dificuldades que, daqui para a frente, essas famílias enfrentarão? E se ele pensar que, talvez, pudesse ser ele quem não volte mais para casa? Pensando nisso, será que não valeria a pena criar uma campanha na empresa para cuidar de cada colaborador? Não seria incrível que, além de uma visita a essas famílias, o CEO pudesse assumir o compromisso de que isso não voltará a acontecer? Agindo dessa forma, o resultado virá. Uma cultura de segurança como valor na empresa reduz custos, e também – o mais importante – salva vidas.
Uma situação por que passei esses dias ocorreu em uma empresa em São Paulo. Ela programou a mudança de sua sede para Barueri e já estava com o contrato assinado. Falando com o CEO, perguntei se ele tinha feito uma pesquisa para entender o impacto dessa mudança para seus quase mil colaboradores. Envergonhado, ele me disse que não. Por mais que já estivesse com o contrato assinado, pedi para que ele o fizesse. O resultado final? 83% dos colaboradores rejeitavam a mudança. Depois disso, o que o CEO teve de fazer? Gastar mais dinheiro tentando contornar o estrago com ônibus fretados e criar novas políticas para diminuir o impacto dessa perda de funcionários. E todos esses gastos são muito maiores que o aluguel pago no antigo endereço.
O que estou querendo mostrar é o que já se percebe em países desenvolvidos. Empresas mais humanas, que valorizam seus colaboradores, que levam a confiança como base de qualquer relação trabalhista e que estão preocupadas com o impacto social que geram no mundo crescem e lucram. Um exemplo disso é um escritório de advocacia paulista que passou a dar licença-paternidade de seis meses, flexibilidade nos horários e home office. O que aconteceu? Aumento da produtividade do time em 42%.
Por isso, não importa o que você esteja fazendo agora; você pode, sim, mover o mundo. Seja dentro da sua empresa, como profissional liberal, agente público ou o que quer que seja. Você pode gerar impacto por onde passa e fazendo o que você faz. Mudaremos o mundo quando entendermos que já temos tudo de que precisamos para começar e que, além disso, fazer o bem só gera benefícios.
A Welcome Tomorrow é sobre isso. De 6 a 10 de novembro, em São Paulo, estarão reunidas pessoas inconformadas com as desigualdades que vivemos hoje em dia e que querem mover o amanhã. Toda essa mudança precisa apenas de um passo, e espero que ele seja em rumo ao nosso evento. Acredite, você não sairá de lá o mesmo que entrou. Eu quero dar o meu passo. Para você, que está lendo este artigo, tenho um presente especial. Escolherei 30 pessoas para ganharem ingressos para todos os cinco dias de evento. Quer, junto conosco, mover o mundo? Clique aqui e concorra a um desses ingressos.
Não se esqueça, você pode mover o mundo... mesmo que seja o de uma pessoa!
Flavio Tavares é fundador do Instituto PARAR e idealizador do WTW.