Locais de votação , urnas, cabines, biometria .| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
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Os últimos anos têm demonstrado que as pesquisas eleitorais no Brasil são cada vez menos confiáveis. Eu mesma já deparei com “erros” absurdos (e suspeitos). Por isso, deixo um conselho nestas eleições que se aproximam: não votem de acordo com pesquisas, ainda mais dos principais institutos. Não têm se mostrado eficientes em muitos casos.

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Vou dar dois exemplos. Era véspera da votação para a prefeitura de Porto Alegre. Peguei, no chão, um folheto com uma pesquisa atualizada: Manuela D’Ávila aparecia vários pontos à frente do segundo colocado. Naquela hora, tive um insight: não, está errado. Ela vai ficar "x" pontos atrás do primeiro colocado (não me lembro quem era esse candidato, nem os números exatos). O que me lembro é que, no fim, houve um “erro” de 12, eu disse 12 pontos a favor de Manuela, e ela ficou exatamente "x" pontos atrás do primeiro colocado. Que era o segundo na pesquisa de uma grande agência de pesquisas do país. Bem, 12 pontos à véspera das eleições não é só um erro. É manipulação, uma absurda inépcia, ou ambos.

Outro caso: em Minas Gerais, Romeu Zema, do NOVO, aparecia em várias pesquisas em segundo lugar, em uma de suas disputas pelo governo do stado. Venceu no primeiro turno, no primeiro e no segundo mandatos. Isso não é erro, é manipulação ou muita ineficiência. E já vi outros erros grotescos – vou chamar de “erros”, embora preferisse usar outros adjetivos, dados alguns números absurdos em certas eleições.

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O fato é que nós sabemos que “o buraco é bem mais embaixo”, e muitas destas pesquisas são tendenciosas, financiadas, ou apenas ineficientes. Além disso, há questionamentos sobre o sistema de voto. O voto impresso foi vetado várias vezes no Congresso, causando insegurança. Por que não reforçar a segurança das eleições no Brasil? Toda proteção é bem-vinda. Não temos voto impresso, e os resultados vão direto a Brasília, para o TSE de Toffoli e o STF de Alexandre de Moraes. Eu mesma tive minha má experiência com as urnas: no primeiro turno em 2022, minhas digitais não foram reconhecidas – como as de muitos de minha seção, conforme a mesária informou. Votei? Sinceramente não sei, ninguém me deu suas digitais. Já no segundo turno, tudo correu bem. Coisas assim levam o eleitor a ficar com um pé atrás com as votações e com quem lida com elas no Brasil – e com quem depende delas para se eleger.

Se eu fosse dar um conselho ao eleitor, em meio a esse fogaréu que enfrentamos, na bipolaridade política e na natureza brasileiras, seria o d votar em quem achar correto, ou mais aceitável. Ou se abstenha, se necessário (o que pessoalmente considero um desserviço ao direito democrático de votar).

Não olhe o número dos seguidores deles nas redes sociais, não olhe as pesquisas, se não for com um pé atrás. Lembre-se dos históricos pessoais e políticos deles, seus processos judiciais, suas falas, suas promessas, seus atos. Informe-se, e não só pelo que ouviu falar ou por órgãos claramente politizados. Atente ao que omitem.

Os discursos pouco variam, e o Brasil nunca precisou de tanta renovação, a começar pelas prefeituras. Estamos chafurdando econômica, social e moralmente, mesmo possuindo uma das mais libertárias e belas Constituições Federais do planeta. Sejamos os cidadãos decisivos e infantes dessas leis magnas, que votam com consciência, sem preconceitos e sem medo.

Leila Krüger é escritora e mestre em Comunicação Social.

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