Bom dia!
O Brasil acordou nessa Quarta-Feira de Cinzas ainda atordoado com o nível abissal a que os tuítes presidenciais desceram durante o carnaval. Jair Bolsonaro (PSL) tuitou 20 vezes entre domingo e terça-feira, mas o destaque ficou por conta da publicação de um vídeo pornográfico, em uma tentativa de desmoralizar a festividade e atacar a oposição. Na quarta, cedinho, o presidente ainda fez questão de perguntar na rede social: “O que é golden shower?”
Para André Gonçalves, o fato central é que Bolsonaro “joga com o raciocínio de que era ‘essa gente’ que o xingava” nos blocos de carnaval. Madeleine Lackso, por sua vez, aprofunda a questão e revisita obras de Liu Xiaobo, George Lakoff e Sigmund Freud para destrinchar os mecanismos de controle das massas que o presidente domina muito bem. Gustavo Nogy comenta:
Já faz tempo deu pra perceber que duas palavrinhas não constam no messiânico dicionário: decoro e prioridade. (Pensando bem, faltam mais palavrinhas.) Teremos de contar com a máquina burocrática funcionando ao redor do presidente – apesar do presidente – para que o país não vá para o beleléu de vez.
Fato é que, se a Lei 1.079 fosse seguida à risca, a publicação do vídeo no Twitter poderia até mesmo resultar em impeachment – a lei inclui “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo” entre os crimes contra a probidade na administração. A oposição, porém, descarta a hipótese.
Nessa quarta (6), Bolsonaro tentou se explicar em uma nota que diz que a cena retratada no vídeo é “uma distorção clara do espírito momesco”. A nota afirma ainda que o ato filmado é um “crime” – e pode ser mesmo, tendo a possibilidade de ser enquadrado em dois dispositivos do Código Penal.
Descartado o golden shower, há quem veja em Bolsonaro, mesmo aos trancos e barrancos, uma oportunidade de negócio: produzida no Rio Grande do Sul, a cerveja Mito, que homenageia o presidente, tem sido um sucesso de vendas.
Justiça: mais do que uma palavra bonita
A Mangueira foi declarada nessa quarta a vencedora do carnaval carioca de 2019. Mas o seu grito por justiça ao homenagear a vereadora Marielle Franco (PSOL) pode muito bem se voltar contra a própria escola. O presidente da agremiação, o deputado estadual Chiquinho da Mangueira (PSC), cumpre prisão domiciliar desde janeiro e é acusado de movimentar, utilizando contas suas, de sua mãe e da própria Mangueira, R$ 3 milhões advindos do pagamento de propina. Mas esse caso está longe de ser o único envolvendo escolas de samba e condutas criminosas, como mostra a reportagem de Tiago Cordeiro.
Antes tarde do que nunca
Paulo Preto, ex-diretor da estatal paulista Dersa e suspeito de ser o operador do PSDB em São Paulo, foi condenado na quarta (6) a 145 anos e oito meses de prisão. Ele está preso preventivamente em Curitiba desde fevereiro. O julgamento veio a tempo: hoje (7) Paulo completa 70 anos de idade, marco que diminui pela metade o tempo para que as acusações contra um suspeito prescrevam.
A força-tarefa da Lava Jato, aliás, foi precavida e entrou junto à Procuradoria-Geral da República com um pedido de arguição de suspeição contra o ministro do STF Gilmar Mendes. Segundo a força-tarefa, Gilmar deveria ser impedido de interferir no caso de Paulo Preto, por causa de sua proximidade com o ex-senador e ex-ministro tucano Aloysio Nunes – há registros de conversas entre Nunes e Gilmar conspirando em favor de Paulo.
A responsabilidade pela quebradeira
No editorial desta quinta (7), a Gazeta do Povo comenta novamente o problema da quebradeira dos estados e as soluções que o governo federal tenta encontrar para a situação. A Gazeta chama a atenção para a fragilidade da garantia do cumprimento das contrapartidas que o governo federal exige dos estados nesses casos:
Tão efetivo quanto criar novas normais legais para conseguir que os estados acertem suas finanças é cumprir as leis já existentes – no caso, a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Código Penal. De acordo com dados enviados pelos próprios estados ao Tesouro, nove governadores deixaram, ao fim de 2018, um rombo combinado de R$ 71 bilhões. Em alguns casos, faltou dinheiro até mesmo para as despesas com saúde e educação. É o tipo de infração que colocaria o gestor na cadeia por até quatro anos, além de resultar em sua inelegibilidade. No entanto, até hoje nenhum ex-governador sofreu as consequências dessa prática.
Bilionários
Quebrados não estão, porém, os nomes que compõem a tradicional lista anual da Forbes com as pessoas mais ricas do mundo. Jeff Bezos, o dono da Amazon, permanece no topo, enquanto 16 brasileiros aparecem pela primeira vez na lista – entre eles os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, e Luciano Hang, dono da Havan.
Imagem do dia
Pelo mundo
Coreia do Norte. Após o fracasso da cúpula entre Donald Trump e Kim Jong-un, a Coreia do Norte começou a reconstruir uma plataforma de lançamento de foguetes e uma unidade de testes de motores, segundo mostram imagens de satélite. O local é usado para o lançamento de satélites, e não para mísseis balísticos. Anteriormente, a Coreia do Norte havia dito que estava desmantelando a unidade e que inspetores internacionais poderiam verificar o processo.
Canadá. A pior crise do governo do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, se agravou no começo desta semana, com a renúncia de membros do primeiro escalão e a notícia de que seu partido liberal está perdendo para os conservadores nas pesquisas de voto. Trudeau é acusado de fazer pressão para encerrar o processo contra uma construtora.
Síria. Neste fim de semana, centenas de civis e combatentes do Estado Islâmico deixaram o último território ocupado pelo grupo terrorista, Baghouz, no leste da Síria. O califado agora é apenas um labirinto de tendas e túneis. Confira essa batalha final em imagens.
Reino Unido. Um homem britânico se tornou a segunda pessoa no mundo a ser curada da aids, 12 anos depois do primeiro caso do tipo. Ele passou por um transplante de medula óssea de um doador resistente ao vírus HIV.
Em Curitiba
Versão paranaense. Cecília Tümler conta como funciona o estúdio Dublagem Curitiba, que tem se destacado no cenário nacional da dublagem, realizando trabalhos para a Netflix e outros canais e plataformas de renome.
Alerta. Um hospital de Curitiba registrou o primeiro óbito por febre amarela do estado neste ano. O paciente era um homem de 64 anos, morador de Morretes, que havia sido transferido de helicóptero para a capital. Fernanda Leitóles e Gustavo Ribeiro contam mais sobre o caso.
Diversão de bolso vazio. Passou o carnaval, o ano finalmente começou para valer e depois das festas você ficou sem grana? O Guia Gazeta do Povo preparou um roteiro com cinema, teatro e museu de graça na capital paranaense. Aproveite!
Uma ótima quinta-feira para você!
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