Bom dia!
O segundo dia do governo de Jair Bolsonaro foi marcado pelos ritos de transmissão de cargos nos diversos ministérios. A ocasião deu aos novos ministros a oportunidade de delinear em seus discursos de posse o que consideram prioritário em suas pastas – e também, por que não?, de demonstrar o ecletismo de suas referências, caso do chanceler Ernesto Araújo, que citou de Raul Seixas ao Evangelho de João e de Clarice Lispector à novela O Direito de Nascer, com trechos em grego e em tupi.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, sublinhou o combate ao crime organizado e disse que o Brasil não será “porto-seguro para criminosos”. Marcos Pontes, da pasta de Ciência e Tecnologia, prometeu alavancar a participação da iniciativa privada em financiamento de pesquisa, e Ricardo Salles, do Meio Ambiente, afirmou que, a princípio, o Brasil permanecerá no Acordo de Paris.
Já o ministro da Cidadania, Osmar Terra, confirmou que o Bolsa Família passará a contar com o 13º já em 2019, e a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, destacou a importância da secretaria da Defesa Agropecuária no intuito de evitar uma “nova Carne Fraca”. Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, desafiou a própria pasta a criar um terceiro turno de funcionamento das unidades de saúde e o general Fernando Azevedo e Silva, da Defesa, se dispôs a “atuar como catalisador da estabilidade nacional que o país tanto precisa”.
Uma enxurrada
Mas o destaque ficou por conta do ministro da Economia. Paulo Guedes prometeu uma “enxurrada” de medidas nos próximos dias e elencou suas prioridades: acelerar as privatizações e concessões públicas, simplificar e reduzir tributos com a implantação de um imposto único federal e reformar as regras de aposentadoria.
O novo ministro, aliás, já tem pronta uma medida provisória que pretende economizar anualmente R$ 50 bilhões a partir de uma revisão normativa da Previdência. Ele planeja ainda criar condições para que empresas brasileiras ampliem a sua participação no comércio exterior. O editorial de hoje da Gazeta do Povo comenta os planos de Guedes:
A burocracia construída ao longo de décadas parte do princípio de que o empresário é sempre um vilão à procura de todos os meios possíveis para defraudar seus empregados e o governo, e por isso é preciso que ele reporte todos os seus passos ao Estado. [...] Incentivar a autodeclaração e combater a “República cartorial” são os primeiros passos para que a relação entre governo e empresas seja, finalmente, regida pela confiança mútua.
Entrevista exclusiva
Entre os nomes anunciados para compor as equipes de cada ministério, vale destacar a escolha de Angela Vidal Gandra Martins como titular da Secretaria Nacional da Família, núcleo duro do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves. Em entrevista à Gazeta do Povo, a jurista conversou com Renan Barbosa sobre a importância do novo órgão:
Pela primeira vez na história do país, temos a oportunidade de centrar esforços na família, com todas as portas abertas do governo. É preciso entender que esse é um tema central, que impacta diretamente a economia e questões sociais.
Enquanto isso, no Congresso Nacional
Rodrigo Maia (DEM-RJ) ganhou o apoio do PSL – partido de Bolsonaro e segunda maior bancada da Câmara dos Deputados – para a sua reeleição como presidente da Casa. Kelli Kadanus (República) explica por que Maia pode tentar permanecer na cadeira mesmo com a proibição da Constituição à reeleição de presidentes do Legislativo.
Sobe e desce
O mercado financeiro se animou com a posse dos novos ministros e com o apoio do PSL a Maia: a Bolsa subiu e o dólar caiu. Além disso, após uma tendência de redução de quadros, a previsão é que 2019 seja um ano favorável à empregabilidade. Vandré Kramer (Economia) explica que as empresas devem voltar a contratar – mas, em contrapartida, os aumentos salariais devem ser contidos.
Da Nicarágua à China
O exterior também vive mudanças no equilíbrio do poder. Helen Mendes (Mundo) escreve:
“Regime do medo. Uma nova onda de repressão do regime do ditador nicaraguense Daniel Ortega nas últimas semanas terminou com jornalistas presos e outros trabalhando em locais secretos. Funcionários de uma importante organização de direitos humanos fugiram para as montanhas. As ações tentam conter um grande movimento que pede a renúncia de Ortega.
Em queda. A esquerda tradicional tem perdido espaço para a direita na Europa. Em meio ao desequilíbrio econômico, à falta de acordos para coalizões políticas e a mudanças estruturais e tecnológicas no continente, o eleitorado esquerdista parece ter se reconfigurado. Confira os países em que a direita tem tido mais motivos para comemorar.
Fazendo as pazes. O ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, que há 40 anos foi um dos responsáveis pela normalização das relações diplomáticas entre China e EUA, faz sugestões para reduzir as tensões entre os dois países e impedir uma guerra fria moderna. Para ele, erros de cálculo nesse momento delicado podem se transformar em conflitos militares, criando uma ‘catástrofe mundial’.”
Copa e cozinha
Robson Martins (Esporte) destaca: “Principal competição de base do país, a Copinha começou ontem e hoje tem a estreia de três paranaenses”. Confira a tabela completa do torneio. A editoria traz também as movimentações do Mercado da Bola para a temporada de 2019 nos principais clubes do país.
Deise Campos (Bom Gourmet) indica a matéria em que Talita Boros Voitch aponta 10 tendências na gastronomia para ficar de olho em 2019: “A análise mostra as principais tendências e fala sobre consumo de carne, reaproveitamento de alimentos, vinhos orgânicos e culinária de imigrantes”.
E se você aprecia o sabor do caranguejo, não perca a indicação de Gilson Garrett Jr. (Guia): “Estamos em plena temporada do caranguejo e a partir desta quinta-feira (3) começa o festival dedicado à iguaria em Pontal do Paraná, no Litoral do estado. A expectativa é que sejam vendidas mais de 36 mil unidades do crustáceo”.
Perigo
Mas cuidado com um outro invertebrado que dá as caras nas altas temperaturas. Segue a recomendação de Isadora Rupp (Viver Bem): “O número de acidentes por picadas de escorpião não para de subir no Brasil. De um ano para outro, o crescimento foi de 36% nos casos e 43% nas mortes. Algumas atitudes simples podem ajudar a evitar a infestação em casa, que aumenta no calor”.
Paraná
Cortes. Ratinho Junior (PSD) realizou na quarta-feira (2) sua primeira reunião com o secretariado. O novo governador do Paraná delineou seus primeiros atos de governo: exonerar os 3 mil comissionados herdados da gestão de Cida Borghetti (PP) e rever os contratos e licitações realizados nos últimos 60 dias. De acordo com Ratinho, os contratos ficam suspensos enquanto isso. Outra orientação foi para que os secretários cortem em 20% o custo de cada uma das pastas.
Costuras. Na reunião, também ficou decidido que os deputados estaduais não serão convocados para votar a reforma administrativa do Paraná ainda em janeiro. O plano é aguardar a renovação da legislatura, com a posse dos novos deputados em fevereiro. O líder do governo, Hussein Bakri (PSD), disse à repórter Giulia Fontes que está otimista a respeito da costura de apoios no Legislativo.
Concessões. Além disso, o governador falou sobre a participação na posse de Jair Bolsonaro. Ratinho contou que não conversou diretamente com o presidente, mas que solicitou um encontro com o ministro Paulo Guedes. A intenção é pedir que o governo federal passe a gestão de aeroportos e rodovias para o Paraná, de modo que o estado possa fazer concessões junto à iniciativa privada.
Conciliações. Ainda no âmbito do governo federal, por fim, Bolsonaro decidiu manter a nomeação de Carlos Marun para o Conselho de Administração da Itaipu Binacional. Segundo o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a decisão foi para respeitar um ato do ex-presidente Michel Temer (MDB), em um “gesto de boa vontade”.
Um ótimo dia para você!