Para começar esse resumo de notícias. O segundo turno das eleições 2020 terminaram neste domingo (29) com poucas surpresas. Foram 57 municípios, incluindo 18 capitais em disputa.
Em São Paulo. Bruno Covas (PSDB) foi reeleito com 59,38% dos votos válidos. Ele derrotou Guilherme Boulos, que levou o Psol pela primeira vez ao segundo turno na capital paulista. Boulos obteve 40,62% dos votos e rapidamente admitiu a derrota. No discurso da vitória, Covas alfinetou o presidente Jair Bolsonaro, ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que também aproveitou para “mandar recados” ao presidente.
No Rio de Janeiro. Eduardo Paes (DEM) venceu Marcelo Crivela (Republicanos) com 64% dos votos válidos. Paes é do mesmo partido que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e consolidou o avanço do DEM pelo Brasil. O resultado foi uma derrota para Bolsonaro, que apoiou Crivela, que por sua vez agradeceu o presidente e evangélicos e disparou indiretas ao prefeito eleito. Já Paes aproveitou o discurso da vitória para pedir ao candidato derrotado – que é o atual prefeito – que “se dedique” no mês de gestão que falta antes de entregar o cargo.
Disputa por partidos nas Eleições 2020
Divisão. Diferente de 2018, quando siglas menores tiveram destaque (inclusive com o PSL elegendo o presidente da República), partidores tradicionais voltaram a mostrar força, com exceção do PT. O MDB venceu em cinco capitais, enquanto DEM e PSDB captaram quatro. PDT, PP, PSB e PSD ficaram com duas cada. Avante, Podemos, Psol e Republicanos ficaram com uma capital cada. Macapá (AP) não ainda não realizou eleições devido à crise energética e Brasília não possui prefeito. Confira quais partidos levaram a melhor em todas as cidades do Brasil.
Maior perdedor. O partido com maior número de deputados federais eleitos em 2018 foi o maior derrotado das eleições 2020: o PT não conseguiu eleger nenhum prefeito de capital. A sigla teve candidatos no segundo turno apenas em Vitória (ES) e em Recife (PE): João Coser e Marilia Arraes, respectivamente, foram derrotados por Delegado Pazolini (Republicanos) e João Campos (PSB). O PT foi apenas o 11ª partido que elegeu mais elegeu prefeitos no país: 181 em 2020 contra 254 em 2016.
Maior vencedor. O MDB, que disputava sete das 18 capitais que tiveram segundo turno, conquistou cinco (perdeu apenas em João Pessoa e Maceió). O partido, aliás, conquistou uma capital estratégica: Porto Alegre, onde Sebastião Melo derrotou a ex-candidata a vice-presidente Manuela D’Avila, que concorreu na chapa da de Fernando Haddad (PT) em 2018. O MDB também conquistou o maior número de municípios: 782, praticamente 100 prefeituras a mais que o 2º colocado, o PP, que teve 683.
“Dono do Centro Oeste”. O MDB também dominou o Centro Oeste: venceu em Cuiabá (MT), com Eumanuel Pinheiro, e em Goiânia (GO), com Maguito Vilela, que está em estado grave com Covid-19. A exceção foi Campo Grande, em que o prefeito eleito foi Marquinhos Trad (PSD), ainda no primeiro turno. Mas vale lembrar: apesar de Brasília não ter prefeito e ser dividida em mesorregiões, o governador do Distrito Federal é Ibaneis Rocha (MDB).
Para ficar de olho
Mulheres perderam. Dentre todas as capitais do Brasil, apenas uma mulher foi eleita nas Eleições 2020. Ainda no primeiro turno, Cinthia Ribeiro (PSDB) foi reeleita em Palmas (TO). Outras quatro mulheres chegaram ao segundo turno: Delegada Danielle (Cidadania), em Aracaju (SE); Manuela D'ávila (PC do B), em Porto Alegre (RS); Marília Arraes (PT), em Recife (PE); Cristiane Lopes (PP), Porto Velho (RO); e Socorro Neri (PSB), Rio Branco (AC). Elas acabaram derrotas, respectivamente, por Edvaldo (PDT), Sebastião Melo (MDB), João Campos (PSB) e Tião Bocalom (PP).
No Paraná. Professora Elizabeth (PSD) foi eleita a primeira prefeita de Ponta Grossa e conquistou uma nova vitória para o governador Ratinho Junior (PSD), que elegeu os candidatos que apoiou em nove das 10 maiores cidades, incluindo a capital, Curitiba, onde Rafael Greca (DEM) venceu no primeiro turno. O partido do governador conquistou ainda 129 dos 399 municípios do estado, pouco menos de um terço das prefeituras paranaenses.
Esquerda e direita. Do lado “da esquerda”, enquanto o PT perdeu em todas as capitais, Psol elegeu Edmilson Rodrigues em Belém, ao derrotar o Delegado Federal Eguchi (Patriota). Já da parte “da direita liberal”, o partido Novo elegeu seu primeiro prefeito: Adriano Silva, em Joinville (SC). Ele derrotou o candidato do PSC, Darci de Matos. O Novo também comanda Minas Gerais, com o governador Romeu Zema, empresário do varejo. Seu “colega” de Joinville também é empresário, mas do setor farmacêutico.
As famílias do Nordeste
Em Fortaleza. Sobrenomes tradicionais da política no Nordeste também mostraram força. A família Ferreira Gomes conseguiu se manter no poder em Fortaleza (CE), já que o candidato do PDT, Sarto, apoiado por Cid e Ciro Gomes, foi eleito com 52% dos votos, contra 48% de Capitão Wagner (Pros).
No Recife. Tido como um dos pleitos mais acirrados pelas pesquisas de intensão de voto, na disputa no Recife entre os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), melhor para o filho de Eduardo Campos (falecido em acidente aéreo durante a campanha presidencial em 2014). Ambos carregam o legado do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes. João é bisneto e teve 56% dos votos válidos, enquanto Marília, neta, conquistou 44%.
Maranhão. Em São Luís (MA), a família Sarney desistiu da candidatura do neto do ex-presidente José Sarney, Adriano (PV). No segundo turno, Eduardo Braide (Podemos) foi eleito e Duarte (Republicanos) foi derrotado, sendo que este último tinha o apoio do governador do estado, Flávio Dino (PCdoB).
Bahia. Em Salvador, o jogo já havia sido decidido no primeiro turno, quando o candidato do DEM, Bruno Reis, foi eleito. Ele é o atual vice-prefeito de ACM Neto, que também é presidente nacional do DEM e neto de Antônio Carlos Magalhães - falecido ex-governador da Bahia (por três vezes) e presidente do Senado - e sobrinho de Luís Eduardo Magalhães, falecido e homenageado pelo pai com a denominação de um município ao Sul do Estado em 1998.
Bastidores das Eleições 2020
Sem atrasos. Após o atraso na apuração do primeiro turno, inclusive com ataque hacker, ficou a dúvida: a apuração corria riscos e poderia atrasar? Dessa vez, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conseguiu ser mais rápido. Pouco após às 19h, a maioria das capitais já havia encerrado a apuração. Nesta “segunda volta”, mais de 26 milhões de eleitores compareceram às urnas, com abstenção de 29,7% dos que estavam aptos a votar. O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso comemorou o resultado. “Quando tudo começou, temia-se uma abstenção colossal [devido à pandemia de coronavírus]”, disse.
Justificativa e crimes eleitorais. Ao todo, quase 668 mil eleitores justificaram ausência por meio do aplicativo e-Título, segundo o TSE. Quem ainda não justificou o voto, pode fazer isso a partir (30) por aplicativo, site do TSE ou cartório. O prazo é de 60 dias. Além disso, 296 ocorrências foram registradas, de acordo com o Ministério da Justiça, com 64 prisões e 231 crimes eleitorais; saiba mais.
Tenha uma ótima semana!
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