Bom dia!
A pesquisa Datafolha divulgada na noite de ontem (2) confirmou o quadro captado pelo Ibope um dia antes: crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) e estagnação de Fernando Haddad (PT), que também vê a rejeição a seu nome disparar.
Ambas as sondagens apontam crescimento da intenção de votos de mulheres e mais pobres no capitão da reserva, quando os números são comparados às pesquisas anteriores. Confira os números completos, a metodologia e o registro aqui.
Há duas hipóteses para explicar o que está ocorrendo. A primeira é que o movimento “EleNão” se transformou em um tiro na culatra, por ter escancarado que, no atual cenário, “EleNão” significa “PTsim”, antecipando ainda mais o segundo turno.
Também há dados mostrando que o movimento “EleNão” pode não ter passado de um grande ato de autoexibição virtuosa no espelho: mobilizado por elites de esquerda, fala apenas com quem já está contra Bolsonaro e não atinge outros segmentos sociais. A segunda hipótese é que os cenários do Datafolha e do Ibope estejam apenas convergindo para o qual as demais pesquisas de mercado já captavam.
Assombração
O colunista Gustavo Nogy analisa as linhas de força que poderiam compor o primeiro cenário, em que o “EleNão” estaria se transformando no “Ora, por que não?”:
Quando se trata da esquerda, não há extremismo nem excessos. Quando se trata da esquerda, todo ditador é presidente, todo tirano é líder, toda república é democrática, todo bandido é pai, toda corrupção é acidente [...] Agora, com o bicho-papão do PSL chegando nos calcanhares de quem sempre teve medo de José Serra, Geraldo Alckmin ou Fernando Henrique Cardoso, talvez as personalidades, os artistas, os intelectuais venham a descobrir que há pessoas e grupos com as quais negociar, dialogar e conviver, para além de seus exclusivíssimos metros quadrados de pusilanimidade e insensatez.
Articulação
Aliás, o Centrão nem precisou esperar o Datafolha para migrar em massa em direção a Bolsonaro: a poderosa bancada ruralista – que tem muitos parlamentares do DEM, do PP e do PR, partidos da coligação de Geraldo Alckmin (PSDB) – anunciou adesão à candidatura e, em nota, afirmou que irá ajudar na governabilidade.
Lamentos
Centrão lembra centro, e Mário Vitor Rodrigues entrevistou Eduardo Giannetti. Para além de colaborador de Marina Silva (Rede), Giannetti é um economista e pensador de calibre. Entre os muitos temas sobre os quais conversaram, sobressai certo desconsolo do entrevistado com os rumos que o país tomou: o sistema político se fechando em si mesmo e o espaço do diálogo e da moderação ruindo entre os polos PT-Bolsonaro.
Ela sim?
Nos lamentos de Giannetti, ressoa a ideia – perfeitamente defensável – de que Marina Silva poderia ser um nome a aglutinar esse centro político. Mas Marina, além de ter perdido terreno na esquerda em razão dos virulentos ataques que sofreu da campanha da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), perdeu sua principal base do outro lado do eleitorado: os votos evangélicos. Jônatas Dias Lima explica, em quatro tópicos, por que isso aconteceu.
Com que roupa
O verdadeiro nome do centro, nessa conjuntura, nunca teria sido Marina Silva. Quem poderia ter sido, então? Márcio Coimbra escreve com os olhos de quem vê longe e lembra que DEM e PSDB descartaram os nomes de Ronaldo Caiado e João Doria para concorrer à Presidência:
Bolsonaro surge no vácuo deixado pela inabilidade política daqueles que tinham chance de absorver o antipetismo. Erraram na avaliação de que o Brasil escolheria o caminho do meio. Ao se impor como candidato, Alckmin empurrou o voto antipetista para Bolsonaro. Ao atacar o capitão, colheu uma rejeição que implodiu sua campanha e abriu espaço para Haddad crescer. Uma sucessão de erros que levou à polarização do cenário eleitoral.
Quem é ele?
Não é exagero falar em polarização. Tem até quem aposte que Haddad, se eleito, vai conseguir repetir Lula 1, e dirigentes do PT manifestaram desconforto com as falas mais radicais do condenado José Dirceu nos últimos dias, mas declarações de aliados de Haddad já colocaram em xeque a democracia em diversas ocasiões. Isso sem falar no plano de governo do PT.
É justamente por isso que Guido Orgis pergunta, depois de ler parte do termo de delação do ex-ministro Antonio Palocci, a qual grupo de petistas Haddad pertence:
Palocci diz em seu depoimento que havia dois grupos no PT. Um programático e outro pragmático, desonestos em níveis diferentes. O primeiro aceitaria a corrupção apenas como forma de fazer andar seu programa político-partidário. Seria o suficiente para ajustar a economia e fazerem andar propostas no campo social. O segundo grupo, o pragmático, queria governar com os pequenos partidos para manter a oposição com o PSDB.
Esse não
O Brasil realmente torce para que Haddad não seja do grupo que apoia a Venezuela. O colunista Flávio Quintela entrevista Juan Corona, um advogado criminalista venezuelano que, depois de ficar preso por um mês pela ditadura de Nicolás Maduro e levar um tiro das milícias bolivarianas, trabalha como motorista de Uber nos Estados Unidos para sustentar 10 pessoas de sua família que ainda vivem no país natal.
Manda quem pode
E, se você acha que a coisa no Congresso vai melhorar, Lúcio Vaz dá mais uma pista de que pode não ser bem assim: 449 dos deputados que disputam a reeleição – incluindo suplentes que exerceram o mandato – foram contemplados com um total de R$ 504 milhões do Fundo Eleitoral. Uma média de R$ 1,12 milhão. Os demais candidatos ficaram com escassos R$ 42 mil, em média.
Juízes em Brasília?
Para não falar que não falei das flores, o editorial da Gazeta do Povo comenta a chibança toda entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que parecem empenhados em apagar fogo com gasolina:
Quanto mais se despreza o plenário, mais o Supremo perde seu caráter de corte colegiada para se tornar um amontoado de 11 “minicortes”, muitas vezes contraditórias entre si e contrárias até mesmo à jurisprudência estabelecida pelo tribunal. Quando, ainda por cima, decisões monocráticas são tomadas dentro de um clima de rivalidade ou hostilidade entre ministros, às vezes motivadas por convicções ideológicas que suplantam o caráter técnico da decisão, o risco de erros e injustiças é ainda maior.
Museu Nacional
Ainda lembra? Luan Galani (Haus) recomenda: “Faz um mês que um incêndio destruiu o Museu Nacional. Agora a instituição busca até R$ 100 milhões para reformas e para reestruturar seu acervo. A repórter Sharon Abdalla traz todas as novidades do caso e entrevista exclusiva com a empresa responsável pelas obras emergenciais.”
Cansou?
Calma que tem praia. Isadora Rupp (Viver Bem) recomenda: “Sonhando com férias, de preferência, longe dos centros urbanos e perto da natureza? Elencamos 10 praias e ilhas pelo mundo que são o convite perfeito para se desconectar.”
Volta ao mundo em 1 minuto
Você sabe o que é a boliburguesia? Vandré Kramer (Mundo) escreve:
“Triste contraste. De um lado, a boliburguesia, um grupo formado por militares, políticos, funcionários públicos e empresários ligados ao chavismo, uma classe que acumula riqueza em meio à derrocada econômica, política e social da Venezuela. Do outro, o caos na saúde pública: um em cada três médicos já deixou o país, crianças morrendo em hospitais com más condições de higiene, e doenças como Aids e tuberculose voltando com força. Poucos se beneficiam e muitos sofrem!
Direito à vida. A lei que permitia o aborto até a 14ª semana de gestação não passou na Argentina. Mas em Rosário, uma das maiores cidades argentinas, são usadas brechas judiciais para legitimar o aborto. É o direito à vida sendo atacado.
Herança. Mr. Trump é um magnata do setor imobiliário e vende a imagem de self made man, o sujeito que vence na vida por conta própria, sem ajuda de ninguém. Mas, segundo uma reportagem do The New York Times, não é bem assim: teve uma boa ajudinha do pai, que teria lhe repassado US$ 412 milhões, em valores atualizados, disfarçados de doações para uma empresas de fachada criada por ele e pelos irmãos.”
Imagem do dia:
Paraná
O último debate entre os candidatos ao governo antes do primeiro turno. Sandro Gabardo (Política Paraná) escreve:
“Enrolados. O Ministério Público do Paraná denunciou o ex-governador Beto Richa, o deputado estadual Plauto Miró e o deputado federal Valdir Rossoni em decorrência da Operação Quadro Negro. A ação civil pública pede, além das condenações dos envolvidos, a devolução de quase R$ 5 milhões aos cofres públicos. O valor teria sido pago a empreiteiras como aditivos por obras em escolas que não chegaram nem a sair do papel.
Ihhhh. Depois de divulgar uma carta aos funcionários da empresa declarando voto em Jair Bolsonaro para presidente, o dono do Condor teve de se acertar com o Ministério Público do Trabalho. Chamado a se explicar, ele acabou assinando um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no qual se comprometeu, entre outras coisas, a enviar novo comunicado aos colaboradores explicando que a mensagem anterior era apenas uma posição pessoal e que não interfere no ambiente de trabalho. Se descumprir o acordo, a multa é de R$ 100 mil.
Olhos nos olhos. Confira como foi o último debate para o governo do Paraná, realizado pela RPC na noite desta terça-feira (2). Os jornalistas da Gazeta do Povo analisaram o desempenho dos candidatos e as expectativas para os últimos dias de campanha. Assista!”
Futebol. Direto do mundo esportivo, uma história inspiradora: o Furacão recebe o Caracas, da Venezuela, nesta quarta-feira (3), às 19h30, na Arena da Baixada, e um abrigo que recebeu um grupo de refugiados da Venezuela na semana passada está buscando promover uma ação solidária para levar os imigrantes ao jogo.
Curitiba
Não fique preso no trânsito. Confira a seleção dos nossos editores:
Obras. Fernanda Leitóles (Curitiba) recomenda: “Pelo menos cinco grandes obras de infraestrutura estão em andamento e afetam o trânsito em Curitiba. Confira a situação de cada uma e a previsão de conclusão.”
Aproveite. Aléxia Saraiva (Guia) indica: “O Dia Internacional da Animação está chegando e, com ele, uma programação cheia de curtas de desenho animado premiados, com entrada gratuita."
Contando nos dedos. Andrea Torrente (Bom Gourmet) recomenda: “Faltam dois dias para a 8.ª edição do Festival Bom Gourmet que é realizada em 58 restaurantes de Curitiba. Veja todos os menus completos com entrada, prato principal e sobremesa a preços fixos de R$ 44 ou R$ 54!”
Oi? Luan Galani (Haus) sugere: “A menor cafeteria de Curitiba, com apenas 3 m², tem a melhor decoração de cafés da cidade. Confira!”
Um ótimo dia a todos!
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