Bom dia!
Em um ano em que a cada hora estamos sujeitos a descobrir um novo e mais ousado escândalo político no Brasil, o 5 de setembro conseguirá a façanha de ser um dos dias mais marcantes de 2017.
O dia que amanheceu com a Polícia Federal batendo na porta do chefão da Olimpíada Rio-2016 teve descoberta de "bunker" para esconder dinheiro (provavelmente) sujo, áudios comprometedores, a mais ampla denúncia contra o lulopetismo e até uma centelha de esperança a partir de uma mudança no sistema eleitoral. A missão por aqui é empacotar e dar um pouco de sentido a tudo isso.
O áudio de Joesley
Como em um House of Cards da vida real, o episódio do dia começou conectado ao capítulo anterior. Rodrigo Janot sacudiu o país na segunda à noite ao anunciar a investigação de omissão de informação por três delatores da JBS. A prova do crime seria um áudio que se prometia bombástico. O áudio apareceu e explodiu.
Em uma conversa altamente descontraída, Joesley Batista e Ricardo Saud falam de uma estratégia de aproximação a Rodrigo Janot para costurar um acordo de delação premiada que os livrasse da prisão. Com ou sem amizade, o acordo (ainda válido) livrou ambos da cadeia.
Também dizem que usariam José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, para se aproximar de ministros do Supremo que estariam "na mão" do petista.
E mesmo de como Joesley contaria para a esposa que firmara um acordo de delação premiada.
Sobrou até para o governador Beto Richa, tratado como um "coitado" que teria de ser entregue no bolo da colaboração.
A repercussão foi imediata. As reações também. A mais dura, de Carmén Lúcia, presidente do STF, que exigiu a abertura de investigação para apurar a menção aos ministros da Corte.
A JBS soltou nota dizendo que tudo aquilo dito no áudio, claramente gravado sem querer, era mentira. Ao invés de encerrar a polêmica sobre esta gravação, o comunicado acabou foi reforçando a aura de dúvida sobre outras informações passadas pelos delatores - muitas delas, é verdade, entregues acompanhadas de provas consistentes.
Tudo isso aumenta a pressão para que Janot revise a delação de Joesley Batista. Não deixa de ser um preço pelo modo atabalhoado como o PGR celebrou o acordo. No editorial da Gazeta do Povo, dizemos que é inevitável tanto o procurador sair chamuscado como o episódio enfraquecer a segunda denúncia contra Temer.
Se algo de bom pode sair deste imbróglio, é o reforço da noção de que a delação premiada exige responsabilidade proporcional à sua importância.
O Quadrilhão do PT
Enquanto Brasília digeria o novo áudio da JBS e projetava o efeito sobre a segunda denúncia contra Temer, Janot disparou uma flecha inesperada. O procurador denunciou o "Quadrilhão do PT", organização criminosa encabeçada pelo ex-presidente Lula, que teria movimentado R$ 1,48 bilhão em propina desviada da Petrobras, BNDES e do Ministério do Desenvolvimento.
A acusação envolve toda o núcleo duro dos 13 anos de petismo. Estão lá os presidentes do período: Lula e Dilma; os ministros da Fazenda, Antonio Palocci e Guido Mantega; os tesoureiros do partido, João Vaccari e Edinho Silva; dois ex-ministros muito próximos a Lula, Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann.
André Gonçalves explica todo o funcionamento do Quadrilhão, segundo a denúncia de Janot. Um esquema bem azeitado para irrigar contas de campanha, do partido e de seus expoentes. Cabia a Palocci e Mantega captar recursos para alimentar a máquina.
Euclides Lucas Garcia detalha o envolvimento de Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo. A atuação do casal, segundo a denúncia, foi dentro do Ministério do Planejamento, ao longo de seis anos, e movimentou R$ 7 milhões.
O bunker de Geddel
Enquanto boa parte do noticiário orbitava em torno de Rodrigo Janot, a Polícia Federal contava dinheiro. Foram mais de 14 horas nesta atividade. Qual dinheiro? Cerca de R$ 51 milhões, em notas de dólar e real, encontrados em um apartamento de Salvador que serviria como bunker para Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Lula e Temer, guardar propina.
A imagem das malas e caixas abarrotadas de notas verdes e amarelas já é uma das cenas mais impactantes da política brasileira. A maior apreensão de dinheiro vivo já feita no país. Agora, PF e Ministério Público seguirão este dinheiro.
O variado cardápio deixou alguns recados claros. Rodrigo Constantino reforça que o Brasil não é para amadores especialmente quando se trata de corrupção. Para Ricardo Amorim, torna-se mais necessário que ninguém seja poupado no duro trabalho de limpeza moral do país.
Há esperança
O Congresso apontou um facho de luz na terça-feira de trevas. O plenário aprovou o texto-base da reforma política, que prevê o fim das coligações e a adoção de cláusula de barreira já nas eleições do ano que vem.
Ainda falta votar os destaques, que podem virar a proposta de pernas para o ar. Ficou para depois do feriado, junto com a discussão do financiamento de campanha e do distritão. Mas, já é um bom primeiro passo.
Enquanto isso...
... o mundo continuou gerando e aconteceram algumas coisas que você precisa saber.
Transição (bem) suave Cuba começou a transição para a saída de Raúl Castro do poder. O processo levará cinco meses, o vice vai assumir e Castro seguirá presidindo o Partido Comunista, o único permitido na ilha. Ou seja...
Olho na telinha Se você está lendo este texto pelo celular, talvez faça parte do universo de 46 milhões de brasileiros que só acessam a internet por telefones móveis. Levantamento da TIC Domicílios 2016.
Zap corporativo O Itaú Unibanco será a primeira marca brasileira a utilizar a versão para empresas do WhatsApp. O banco pretende usar o serviço para conectar clientes e gerentes.
Eliminatórias O Brasil empatou por 1 a 1 com a Colômbia e perdeu o 100% de aproveitamento com Tite nas Eliminatórias. Nada grave. A seleção está classificada para a Copa. Argentina e Chile tropeçaram e estão ameaçados de não ir à Rússia.
Paralisação O transporte coletivo de Curitiba teve, ontem, a primeira de uma série de paralisações de uma hora por mais segurança para motoristas e cobradores. Hoje a paralisação será às 15 horas e afetará 85 linhas.
Fraude do ônibus Felippe Aníbal mergulhou nas investigações da Operação Riquixá para mostrar como funcionava a fraude em licitações de transporte coletivo: a quadrilha tinha um núcleo técnico que fazia as empresas envolvidas ganharem as licitações.
Vem, feriadão
Amanhã começa o feriadão de 7 de setembro. Com o bônus para os curitibanos de que sexta-feira é dia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, padroeira de Curitiba. Ou seja, por aqui ninguém precisará enforcar serviço.
Se mesmo assim você for ficar em Curitiba, veja o que abre e fecha entre amanhã e domingo. Alguns serviços voltam apenas na segunda-feira (o “Bom Dia” é um deles).
Não faltarão boas opções para curtir o feriadão em Curitiba. De amanhã a domingo, no Expo Renault Barigui, tem Oktober Fest. Para não ganhar uma pancinha proeminente, bom alternar com corridinhas em um destes cinco lugares perfeitos para correr.
Quer fazer um passeio rápido e perto? Vila Velha é sempre uma boa pedida. Mas atenção: visitar o parque estadual está um pouco mais caro.
Se o destino for Santa Catarina, há três bons shows para animar o feriado: sertanejo, surf music e eletrônica. Em Florianópolis e Balneário Camboriú há ótimas opções para comer e beber bem curtindo a brisa e o calor.
Aliás, a previsão do tempo tanto para Curitiba como para o litoral é de sol, pouca nebulosidade e temperatura amena. De hoje até segunda-feira, o Guia Gazeta do Povo e a editoria Curitiba trazem todas as informações para você ir, voltar e curtir o feriado. Bom descanso e até segunda-feira!