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O Brasil passou a ocupar o 65.º lugar em competitividade em um ranking de 117 países, segundo o estudo "Relatório de Competitividade Global 2005-2006", divulgado quarta-feira última pelo Fórum Econômico Mundial. A presença brasileira se tornou, este ano, ainda mais modesta do que a apresentada na pesquisa anterior, quando ficou na 57.ª posição. Ou seja, no espaço de apenas um ano, observou-se pesada aceleração no processo de degenerescência das nossas condições de competir em escala mundial e, principalmente, em relação a outros países que há pouco tempo situavam-se em nível próximo ao nosso.

De acordo com a pesquisa, as principais causas da queda brusca do Brasil nesse ranking encontram-se na visível decadência observada na qualidade das instituições públicas, na falta de independência do Judiciário e na corrupção – que o relatório, eufemisticamente, trata como "favorecimento de funcionários do governo em decisões e na elaboração de políticas". No quesito administração pública, o país caiu 20 posições, mas compensou-se um pouco com a melhoria do cenário macroeconômico e com a política de realidade cambial que pratica.

Na verdade, o Brasil vem perdendo pontos nesse ranking já há vários anos, denotando perda de capacidade de crescimento econômico e social a médio prazo. O relatório deve ser visto, portanto, como um grito de alerta. Ele identifica os principais fatores dessa dificuldade nacional de sair do atraso e fornece elementos, pois, para que as instituições e a sociedade em geral os enfrentem com prioridade devida. Mostra com clareza os objetivos que devem ser perseguidos e – se houver vontade política – deve induzir à busca das soluções mais adequadas.

Fica claro, por exemplo, que o país só se tornará mais competitivo se, entre outros desafios, conseguir vencer a corrupção e melhorar a eficiência da máquina pública. São duas questões que, embora aparentemente díspares, estão de certo modo interligadas. A primeira, é de ordem moral. A segunda, de métodos, de planejamento administrativo, de adequação de estruturas e, sobretudo, de definição de um projeto nacional e coletivo. A inexistência de uma visão estratégica para o país e de uma férrea vontade em torná-la realidade leva à desordem administrativa e, conseqüentemente, às facilidades para a prática do saque contumaz aos recursos públicos.

O Estado brasileiro perdeu esta visão, como bem observou o professor Belmiro Valverde em seu artigo do último domingo nesta página. De agente privilegiado de desenvolvimento, o Estado "transformou-se em um monstro teratológico, balofo, lento, lerdo de raciocínio e pobre de idéias e de ações, entrópico e incapaz de mudar significativamente para melhor a vida dos cidadãos", afirmou nosso colunista. Esta realidade, completou, é que leva "aos grandes equívocos, enormes desperdícios, muitas tolices e fomentou o caldo de cultura da corrupção, do favorecimento e do clientelismo".

Nunca seremos, pois, competitivos e continuaremos caindo cada vez nas pesquisas de mensuração se o Brasil, principalmente por meio de suas elites dirigentes, não articular um projeto de reconstrução nacional compatível com as tradições e com as potencialidades nacionais, claramente comprometido com o interesse coletivo e com a participação de toda a sociedade.

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