O maior problema da proposta de Michel Temer para a reforma da Previdência é que, segundo a proposta, o sacrifício deve valer para todos, menos para aqueles que o propõem. Temer, assim como alguns ministros do seu governo, aposentou-se precocemente, e não abre mão de receber todos os benefícios e regalias a que teria direito. Então, não haveria motivo para o presidente se surpreender que todos estejam empenhados no mesmo objetivo. Ninguém deseja perder direitos.
Os milhões de trabalhadores que têm a expectativa de um dia se aposentar se frustram com o cenário de terem de trabalhar o dobro do tempo a mais para poderem usufruir do direito básico ao conforto na velhice.
Temer não abre mão dos benefícios a que teria direito. Então, não tem motivo para se surpreender por todos estarem empenhados no mesmo objetivo
A reforma da Previdência parte de um pressuposto tão simplista que todo mundo já percebeu o seu engodo: o governo deseja que as pessoas não se aposentem, e assim rapidamente o déficit da Previdência estará resolvido. Parece mágica. Claro que, juntamente com isso, os trabalhadores, especialmente aqueles que puderem espremer o seu salário, deverão buscar mecanismos de previdência privada e poupança para guardar dinheiro para a aposentadoria, e fazer seu próprio plano de segurança para a velhice.
A Previdência pode estar fadada a ter, como contribuintes, apenas aqueles que se vinculam ao INSS por obrigação, reduzindo assim a capacidade de arrecadação do governo para a política de seguridade social.
O que mais surpreende é que o governo necessite de autoridades tão conceituadas, qualificadas e bem remuneradas para propor uma medida dessa natureza. Qual foi o estudo realizado para chegar à brilhante conclusão de que a solução para o déficit da Previdência seria a mera proibição das aposentadorias?
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