A paralisação de um grande número de linhas de transporte coletivo nesta terça-feira, 12 de janeiro, prejudicou, mais uma vez, muitos curitibanos. Motoristas, cobradores e funcionários das empresas de transporte coletivo pararam porque não receberam seus salários. Definitivamente, não se espera que funcionários trabalhem sem salário, ainda mais quando são empregados das poderosas empresas de transporte coletivo, mantidas com milhões de passagens pagas diariamente.
A reação da Urbs foi burocrática, cartorial: mandou uma petição à Justiça do Trabalho requerendo a cobrança de multas às empresas e aos grevistas. Assim, não se pode dizer que a companhia não fez absolutamente nada. Na verdade, ela fez quase nada.
Curitiba está refém de empresas de transporte que parecem ter todos os alegados defeitos das empresas estatais
Todo mundo já sabe que a paralisação é mais uma jogada na simulada queda de braço entre a Urbs e as empresas do transporte coletivo, que prejudica os funcionários e os usuários. Depois de alguma disputa, as partes chegam à conclusão de que precisam aumentar a tarifa e os repasses às empresas, e nenhuma vantagem para os usuários do sistema. Um verdadeiro desgoverno no transporte coletivo.
Curitiba está refém de empresas de transporte que parecem ter todos os alegados defeitos das empresas estatais: seus serviços são ineficientes e caros, não são atrativos aos usuários (que usam o sistema por falta de opção) e se valem do monopólio para continuar como estão. Logo será necessário privatizar as empresas do transporte coletivo de Curitiba!
Com o número de usuários em queda, o sistema de transporte em Curitiba beira o colapso. Consta que o próprio prefeito reconhece isso, mas não parece estar preocupado – afinal, não toma qualquer iniciativa para mudar.
Uma parte importante do problema está na licitação realizada em 2010, que conseguiu manter as coisas praticamente da forma que estavam antes: preservou-se a mesma oligarquia de empresários que exploraram o sistema nas décadas anteriores. Mesmo depois da CPI realizada na Câmara de Vereadores e de pareceres do Tribunal de Contas do Estado do Paraná que apontaram para diversas irregularidades no processo de contratação das empresas, a prefeitura não tem tomado medidas concretas para enfrentar a licitação do transporte coletivo.
Também é urgente a preparação de uma alternativa aos contratos atuais com as empresas de transporte coletivo. Para isso, é preciso elaborar uma nova licitação, com a alteração de critérios que permitam que mais empresas tenham interesse em participar. Ainda que a licitação de 2010 não seja anulada nos próximos anos, dentro de pouco tempo a cidade estará se aproximando do encerramento do prazo dos contratos e, se não houver nenhuma iniciativa, a cidade chegará em 2025 sem novas soluções e será obrigada a renovar os contratos resultantes de uma licitação fraudada.
Uma alternativa ao atual sistema deve mudar a forma como se faz o cálculo da tarifa. Hoje, se as empresas têm aumentos de despesas, a sociedade é obrigada a pagar tarifas mais caras. Não existem desafios às empresas para que se tornem mais eficientes e para que forneçam serviços mais baratos. Por isso, um novo sistema de remuneração deveria fazer exigências de qualidade às empresas, impondo que cumprissem seus serviços dentro de determinadas condições de custeio, incentivando, assim, que as empresas se modernizassem.