| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Em recente entrevista, Rafael Greca reiterou sua intenção de engavetar o projeto do metrô para Curitiba. Nas palavras do agora prefeito, é coisa de toupeira morrer cavocando.

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Quando eu fui candidato a prefeito em 2012, me perguntaram muito sobre o metrô, e sempre cuidei de mostrar que, além do modo de transporte (ônibus ou metrô), importa também a gestão. Afinal, um metrô feito sem gestão poderá custar muito caro, não sair do papel ou, se for feito, ser menos eficiente que o próprio ônibus.

A julgar pela péssima gestão do transporte por ônibus em Curitiba, que hoje consegue oferecer um transporte caro e ruim mesmo usando a infraestrutura inteligente e eficiente das canaletas, não tenho sido otimista com as propostas de metrô anunciadas nos últimos tempos.

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A obra até então proposta era insuficiente, pois propunha o metrô onde hoje já existe a canaleta de ônibus

Acredito que precisamos deixar de ser reféns dos lobbies e das empresas que exploram a cidade. Certamente, entre aqueles que militam contra o metrô estão os defensores do negócio dos ônibus, a quem interessa muito que não haja uma alternativa de transporte de massa. Mas também entre os que alimentam o sonho de que Curitiba só terá futuro com o metrô existem lobistas interessados unicamente no lucro do negócio, ignorando as melhorias reais para a cidade. No meio dessa disputa está a sociedade, que é convocada a decidir pelas inovações com base na propaganda e sem direito à plena informação.

Por exemplo, é necessário que se discuta, diante de um investimento do porte de um metrô, o custo total da obra. E temos exemplos suficientes para saber que o custo anunciado de uma obra quase sempre não é o custo final. Os valores finais chegam, algumas vezes, a mais de dez vezes o valor original do orçamento. No meio da obra, empresas desistem, obrigando a realização de nova licitação, com novos custos, ou então surgem situações não previstas, como a cratera que se abriu na construção de uma nova linha no metrô de São Paulo.

Alguns orçamentos apresentados para o metrô de Curitiba revelam-se, de princípio, impossíveis de serem executados. Considere-se ainda que essa obra poderá custar dez vezes mais, ou poderá sofrer reveses, sem falar que estamos em uma crise econômica.

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Claro que não se anda para a frente sem ousadia, e todas as dificuldades não devem ser argumento para desistir. Por isso, acredito que o primeiro passo seria estabelecer um modelo de transparência e controle de obra, com ampla participação popular, que permita impedir que o custo da obra se multiplique. Além disso, uma obra do metrô precisa agregar novos roteiros de mobilidade; por isso, acho que a obra até então proposta era insuficiente, pois propunha o metrô onde hoje já existe a canaleta de ônibus.

O novo prefeito acerta em recuar do projeto até então propagado de metrô, que, embora tenha sido mote de campanha de Beto Richa quando candidato a prefeito, e também de Gustavo Fruet, os dois prefeitos não chegaram nem perto de fazer a ideia sair do papel; se tivessem feito, teria sido um projeto ruim e caro.

O novo prefeito erra ao chamar todos os defensores do metrô de toupeiras. Existem vantagens nesse modal, não se deve desprezar. Toupeiras são aqueles que enterram a qualidade dos serviços públicos, como tem ocorrido ultimamente com o transporte por ônibus em Curitiba. Para acabar com “toupeirices”, precisamos de um novo modelo de gestão, com controle popular, exigência de qualidade e fim do favorecimento das empresas de rapina que exploram os serviços urbanos.