Diferentemente de outros anos, em que as cidades surfavam na bonança econômica e os candidatos se destacavam por propostas muitas vezes megalomaníacas, a campanha que começará em agosto será uma disputa entre realistas, às vezes até pessimistas.
Em Curitiba, as últimas campanhas alimentaram o sonho de mobilidade de toda grande cidade: ter um metrô. Houve quem propusesse até um aerotrem para Curitiba. Mas, neste ano, até agora nenhum dos pré-candidatos propôs escavar nem um túnel sequer para o metrô.
A inexorável realidade toma conta dos projetos de futuro.
A criatividade, tão celebrada em outros tempos, está em falta nas eleições deste ano
Assim, as obras em terra firme ainda são o único recurso da cidade, e ainda levam muito tempo para ser concluídas, como a urbanização da BR-116, hoje chamada de Linha Verde. Prometida há mais de dez anos, seu ritmo lento denuncia que não será concluída nem na próxima gestão. E o resultado do que está pronto não agrada.
Além disso, a população já expressa seu cansaço com os políticos que prometem o mundo e só entregam desculpas.
A atual gestão já justifica que a cidade não se faz apenas de obras, e não deverá ser muito desafiada por outros candidatos da oposição, que já indicaram que não vão ousar em assumir novos desafios, o que dá a entender que o que já está sendo feito hoje é o limite do possível.
Programas do governo federal que possibilitavam grandes realizações com quase nenhum centavo investido pelo município minguaram, e a cidade será desafiada a colocar a mão no bolso para construir casas populares, investir em mobilidade, realizar obras de infraestrutura e promover políticas públicas.
Se ninguém mais aguenta o debate rebaixado das propostas megalomaníacas que, sem viabilidade prática, só têm efeito publicitário, um debate de ideias fracas deve condenar a cidade ao tédio.
Na verdade, Curitiba é uma das cidades mais ricas do país, e teria condições de fazer muito mais do que tem sido feito com seu orçamento, e o espaço para novas ideias e propostas é considerável. O realismo dos candidatos reflete mais a falta de visão de futuro do que as imposições reais da crise.
É verdade que a cidade não se faz apenas de obras, mas também de políticas públicas inteligentes que deem mais eficiência ao município, e que tornem a cidade mais justa e menos desigual. Com algumas exceções, a criatividade, tão celebrada em outros tempos, está em falta nas eleições deste ano, dominadas pelo óbvio realismo que se conforma em lamentar a inquestionável crise.
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