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Bruno Meirinho

O escândalo do transporte coletivo em Curitiba

 | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
(Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

No dia seguinte à eleição do seu favorito como prefeito de Curitiba, o governador Beto Richa anunciou que vai retomar a integração do transporte metropolitano na cidade. O governador ainda tentou justificar que a desintegração havia sido uma iniciativa do prefeito Gustavo Fruet, o que contraria os pronunciamentos do próprio governo do estado, à época.

O fato é que, depois da eleição de Gustavo Fruet, em 2012, o governo do estado iniciou um enfrentamento com a prefeitura de Curitiba, afirmando que o subsídio dado pelo estado era maior que os custos efetivos das linhas metropolitanas, e assim propôs a redução em mais de 50% do subsídio oferecido à Urbs para a integração metropolitana. Alegando ser inviável a operação nesses termos, a prefeitura de Curitiba cobrou mais recursos, mas o estado não cedeu. Depois disso, a Comec passou a administrar as linhas metropolitanas, implicando na desintegração do sistema.

Se os custos do subsídio não eram aceitáveis antes, não podem ser agora

Considerando que o governador não deve promover a integração ou desintegração do transporte conforme seus interesses particulares, e sim de acordo com o interesse público, há, no mínimo, suspeita de improbidade administrativa na conduta de provocar a desintegração do transporte apenas para prejudicar um adversário. Houve danos à sociedade, e o governador deve ser responsabilizado.

Mas Fruet não está isento de culpa. Primeiro, por ser conhecedor de longa data das práticas do governador, ele deveria prever que Beto Richa tentaria prejudicar o governo municipal. Faltou ter um plano B, e quem pagou o preço foi a população. Fruet se queixa muito das dificuldades de governar. Seria ingênuo? Ignorou essas dificuldades quando se candidatou? Os eleitores pouparam Fruet de seguir passando tantas dificuldades: elegeram um candidato que prometeu facilidades.

Segundo, Fruet não foi às últimas consequências contra o governador. Ao não questionar judicialmente a desintegração, o prefeito concordou que os argumentos do governo estadual seriam aceitáveis. Não apontou a improbidade administrativa e os desvios de finalidade. Compactuou. Deveria ter defendido a sociedade, e reivindicado a proibição da manobra feita por Beto Richa.

Agora assistimos, surpresos, ao anúncio cínico do governador, menos de 24 horas após o resultado eleitoral, de que vai retomar a operação integrada dos ônibus metropolitanos de Curitiba. Se os custos do subsídio não eram aceitáveis antes, não podem ser agora. A verdade é que, sem uma auditoria séria no sistema de transporte, é imoral o pagamento dos valores cobrados pelas empresas.

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