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O prefeito do Rio de Janeiro tem praticado com frequência o autoelogio em seus eventos de propaganda dos Jogos Olímpicos do Rio. Prática comum dos prefeitos, o autoelogio geralmente não é desde logo percebido como mentira. Afinal, os prefeitos alegam que entregaram milhares de casas, que reduziram o déficit de vagas em creches, que diminuíram o endividamento, e quase nunca os espectadores têm à mão os números que desmentem a ladainha. Passa como verdade. Quando confrontados, recorrem ao recurso fácil de denunciar o desconhecimento alheio ou apontar as falhas daquele que questiona, em vez de explicar seu próprio erro.

Mas a conversa furada de Eduardo Paes já não se sustenta mais. Suas péssimas piadas só arrancam risos dos puxa-sacos e aquele sentimento de vergonha alheia nos demais, como no episódio em que contestou a reclamação dos atletas australianos, propondo colocar um canguru na frente do prédio para que eles se sentissem em casa.

A conversa furada de Eduardo Paes já não se sustenta mais

A entrega da Vila Olímpica, com seus vários defeitos, despertou a insatisfação do atletas, profissionais que são o centro do evento olímpico. A delegação da Austrália recusou-se a entrar nas instalações, e outras delegações chamaram trabalhadores para consertar os defeitos. Infelizmente, já é rotina convivermos com obras públicas inacabadas, e seria previsível que isso ocorresse nos Jogos Olímpicos, embora, no fundo, ainda esperávamos que houvesse mais esforço para as realizações, financiadas com montante extraordinário de dinheiro.

Paes disse, em certa ocasião, que os visitantes não poderiam comparar o Rio a Londres. É notável que o prefeito, nesse caso, faça uma crítica tão sincera de seu próprio governo.

Além da Vila Olímpica, chama atenção a obra inacabada da Linha 4 do metrô do Rio. Obra do governo do estado, esse metrô costuma ter suas qualidades exaltadas, mas a verdade é que a obra está atrasada em 16 meses. Isso mesmo: o metrô que deverá levar os espectadores às praças das competições ainda está em obra. E falta pouco mais de uma semana para a abertura do espetáculo.

Deveria haver, no mínimo, nove meses de testes desse equipamento, mas a previsão é que seja testado com os turistas dentro. A obra está tão inacabada que a previsão do governo é fechar o equipamento logo depois dos Jogos para continuar as obras. Basicamente, vão passar uma maquiagem na Linha 4 para ninguém perceber que não está pronto.

A questão são os riscos de segurança. Com a tragédia da Ciclovia Tim Maia, que matou duas pessoas esse ano, a pane no trem VLT e as falhas em outras obras recentes no Rio de Janeiro, a verdade é que todos torcem para que tudo acabe bem, para que as falhas da estrutura não ofusquem o espetáculo.

Quase esquecemos de torcer pelos atletas.

Aviso da redação

Com o lançamento da candidatura do colunista Bruno Meirinho a uma cadeira de vereador nas eleições municipais de Curitiba, sua coluna deixará de ser publicada até a realização do pleito municipal, retornando no dia 5 de outubro.

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