Há cerca de duas semanas, a Câmara Municipal de Curitiba divulgou o projeto encaminhado pela prefeitura par a revisão do zoneamento da cidade. O prefeito Gustavo Fruet pareceu envergonhado com o próprio projeto, pela forma discreta, quase ilegal, com que foi encaminhado ao Poder Legislativo o novo zoneamento.
Chama atenção a discrição, já que vivemos tempos em que a lei exige ampla publicidade e discussão a respeito dos projetos de ordenamento da cidade. Não foi feita nem sequer uma audiência de apresentação do projeto final da lei do zoneamento, o que seria obrigatório.
O projeto de Fruet foi escrito entre quatro paredes, sem nenhuma participação concreta da sociedade
Aparentemente, Fruet teve pressa de encaminhar o projeto para não deixar que o novo prefeito pudesse intervir em alguma modificação. Não poderia ser mais mesquinho. O projeto de Fruet foi escrito entre quatro paredes, sem nenhuma participação concreta da sociedade. Fosse diferente, não teria medo de prefeito algum distorcer o seu conteúdo, pois seria defendido pela cidade. Da forma como fez, é um projeto derrotado, e qualquer novo prefeito faria bem em revisá-lo.
É preciso investigar os motivos pelos quais concederam-se mais benefícios em algumas partes da cidade sem as devidas contraprestações. E por que reivindicações populares, como a zona mista do Boqueirão, têm sido flagrantemente ignoradas. Quais interesses estão prevalecendo?
Mais ainda: por que estaria concentrando tantos poderes no Ippuc, órgão de planejamento municipal, e esvaziando os espaços de participação? Seriam saudades do passado autoritário? Certamente, houve projetos autoritários que pecaram na democracia, mas defenderam um projeto de cidade. E não devemos ter saudades desses tempos. Mas nosso contexto atual une o pior dos mundos: arroga-se técnico e autoritário, nas mãos de um Ippuc que não tem projeto de cidade.
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