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RIO DE JANEIRO – Daqui a uma semana a seleção do Brasil estréia na Copa do Mundo. Nunca houve tanto otimismo nacional, um otimismo que chega a ser uma euforia antecipada pelo título. De tal forma que o salto alto sobre o qual estamos andando pode dar zebra. É da vida a queda dos fortes, dos ídolos de barro.

Não estou insinuando que nossos craques tenham pés de barro. Mas a onda de otimismo que está cercando nossa participação na Copa da Alemanha é meio despropositada. A tal ponto que, na partida contra a Croácia, os jogadores brasileiros se perguntarão: "O que esses caras estão fazendo do outro lado do campo?"

A torcida também terá o mesmo espanto e fará a mesma pergunta: "O que os croatas estão fazendo ali? Eles não sabem que somos hexacampeões? Os melhores do mundo? Como o juiz deixou esses caras entrarem em campo?"

A história (e a experiência que vem com ela) ensina que o otimismo é fruto da má informação. São incontáveis os exemplos da quebração de cara daqueles que se julgam vencedores antes do tempo.

Sou de uma geração que estava no Maracanã na final da Copa Jules Rimet de 1950 (ainda não era Copa do Mundo, mas Copa Jules Rimet). E olhe que era uma final, havíamos destroçado os adversários, goleadas memoráveis, o Uruguai vinha de uma campanha modesta, quase aos tropeções, mas conseguira chegar à final.

Sabemos o que aconteceu. O nosso técnico ia ser deputado federal, os jogadores ganhariam toneladas de dinheiro, teríamos um carnaval suplementar que duraria séculos.

Não nos faltou humildade naquela ocasião. Faltou-nos a informação que está no final do "Édipo Rei": ninguém pode se considerar feliz antes que o pano baixe sobre o nosso espetáculo.

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