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Os vilões passaram a ser os investigadores. Tudo leva a crer que usaram e abusaram de práticas ilegais. Os investigados ficaram em compasso de espera, assistindo às embrulhadas provocadas pela operação que, até agora, nada operou de concreto

Houve época em que os reis mais chegados à tirania mandavam cortar a língua dos mensageiros que traziam más notícias para o reino. Era um processo que julgavam eficaz para cortar o mal pela raiz.

A crise aberta e cada vez mais escancarada entre a Polícia Federal, a Abin e alguns escalões do poder central teve como ponto de partida a prisão de três suspeitos dos chamados colarinhos brancos. O espetáculo foi condenável, o uso de algemas, exagerado e houve indevido vazamento para a mídia registrar a operação policial.

O que chamou a atenção da sociedade foi o fato de o principal detido, Daniel Dantas, preso duas vezes e duas vezes libertado pelo STF, ter declarado que só temia as primeiras instâncias da Justiça, mas nada temia do Supremo. Quais elementos teriam levado o banqueiro a depositar tamanha e inabalável confiança no tribunal supremo?

É bem verdade que houve escutas ilegais no gabinete do presidente daquele órgão que se transformaram num "link" do caso, num atalho marginal que está azedando os setores da inteligência do governo e de sua polícia. Os vilões passaram a ser os investigadores. Tudo leva a crer que usaram e abusaram de práticas ilegais. Os investigados ficaram em compasso de espera, assistindo de camarote às embrulhadas provocadas pela operação que, até agora, nada operou de concreto.

Contudo, fica a pergunta que está sendo escondida: quem teria dado ao banqueiro Dantas a certeza de que nada teria a temer do Supremo? Os mensageiros que trouxeram o caso ao conhecimento da nação estão ameaçados de terem a língua cortada. A má notícia em si, os crimes financeiros que teriam sido praticados pelo suspeitos, ficaram em segundo plano, aos poucos estão sendo esquecidos.

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