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Um funcionário do segundo escalão foi demitido por ter dado entrevista sobre a legalização das drogas. A punição não foi pelo conteúdo. Se cada funcionário, sem autorização, falar o que quiser sobre ações do governo, merece o afastamento da nova equipe formada pela presidente.

Mas o assunto está encravado na agenda nacional. Em Gene­­bra, um ex-presidente tomou parte num congresso internacional que está discutindo a medida, ele próprio já revelou que é fa­­vorável à legalização. Muita gente também é, em todo o mundo.

Trata-se da única maneira de acabar com a guerra do crime organizado. Não é a produção, distribuição e consumo das drogas que criam um Estado dentro dos Estados. Proibidas, formam uma rede marginal que entra em permanente conflito contra a polícia e contra as próprias células de produção e distribuição. O consumo, embora prejudicial como o do fumo e do álcool, não é criminoso.

Malefício por malefício, o fumo pode provocar câncer. O álcool afeta o comportamento social e causa doenças mortais, como a cirrose. Grande parte dos acidentes de trânsito e rixas pessoais na vida comum tem como causa o consumo exagerado do álcool.

O exemplo da Lei Seca nos Estados Unidos provocou histórica onda de crimes, tema recorrente que até hoje o cinema explora.

Com as drogas liberadas e taxadas pelos governos, será tirado o pão principal do crime organizado em todos os seus escalões, desde os pés-sujos que traficam a droga no violento varejo, até os poderosos chefões que investem no atacado clandestino.

Quanto aos consumidores, com os impostos recolhidos pelos governos sobre o comércio legalizado, poderão ser assistidos por clínicas especializadas e campanhas bem-sucedidas co­­mo a da Aids e a do fumo.

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