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O resultado apresentado pelo ensino brasileiro em rankings nacionais e internacionais tem sido muito ruim. Notadamente nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, o desempenho dos alunos no nível superior está muito aquém do esperado, justificando-se pela má qualidade do ensino médio. Professores das instituições de ensino superior reclamam não poder aplicar o conteúdo específico de suas disciplinas por falta de base dos alunos. No ensino elementar e médio, dizem, a prioridade é formar o "cidadão", em detrimento do conhecimento formal de Português, Matemática e Ciências.Parece estar ocorrendo uma distorção: nem temos a formação do cidadão (analisemos índices de corrupção e alienação política) e nem temos o conhecimento. Se a escola estivesse formando o "cidadão", teríamos os níveis apresentados de corrupção?Pouco somos cobrados ou responsabilizados por resultados. A escola e a educação estão forjando sujeitos pouco afeitos à competição, à busca do melhor resultado. A comparação é expurgada da sala de aula porque pode ser traumática; o aluno não pode reprovar, porque a escola depende do número de aprovações para obtenção de verbas; o professor tem a liberdade de cátedra e também não pode ser cobrado por melhor desempenho; professores rejeitam suas próprias avaliações. E assim vai-se "empurrando" o aluno pelas séries do ensino fundamental e médio, sem a preocupação se o mesmo detém o conhecimento relativo à série cursada.O reflexo destas ações aparece no ensino superior e no próprio mercado de trabalho. Obviamente que não se pode generalizar, pois se percebe que as instituições federais de ensino, que apresentam os melhores resultados, absorvem os alunos melhor qualificados do ensino médio (normalmente egressos de instituições privadas). Já para as instituições de ensino superior privadas, seguem aqueles alunos não absorvidos pelas públicas, com maior deficiência de conhecimento.Acreditamos haver uma inversão de prioridade de investimento em educação por parte do governo: o ensino público fundamental e médio recebe menos investimento. Já o ensino superior recebe maiores investimentos e o aluno beneficiado é o egresso do sistema privado de ensino, normalmente aquele de maior poder aquisitivo .Para que as instituições privadas de ensino superior formem melhor serão necessários investimentos, de modo a reduzir a lacuna de conhecimento deixada pela etapa anterior. E quando falamos de conhecimento, envolvemos tanto o formal, disciplinas técnicas e específicas, quanto a ética, cidadania e competitividade. Este investimento não será somente sobre o aluno, mas também na formação de professores com melhor qualificação. O bom resultado técnico deve vir acompanhado de qualidades superiores de convivência, liderança e valorização da meritocracia.O mercado agradecerá e retribuirá com o crescimento econômico no momento em que as instituições formarem profissionais com tais competências. Essa é a nossa missão!

Tamara Lepca Maia é mestre em Engenharia da Produção e Diretora Administrativa da Fundação de Estudos Sociais do Paraná (Fesp).

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