Chegamos ao Dia D de uma das maiores democracias do planeta. Seja em população, seja em oportunidade. E para 71,4%, a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo. Um total de 14,2% dos brasileiros afirma que em algumas situações é melhor uma ditadura do que uma democracia. Essa é a conclusão de um estudo da Universidade de Michigan, promovido aqui em 2006.
Na minha opinião, é o horário eleitoral gratuito o principal fator que garante essa igualdade de oportunidade, já que se tivessem de pagar, muitos partidos não fariam campanha em rádio e televisão. Muita gente não gosta, mas acaba assistindo. Em outros países democráticos, como os Estados Unidos, a propaganda política é paga.
Por esse ponto de vista, podemos acreditar que o Brasil é um dos países mais democráticos que existem, onde o dinheiro pesa um pouco menos, apesar de ainda pesar bastante. Isso sem levar em conta que temos a urna eletrônica, que evita a indução a erro (como aconteceu nos Estados Unidos em 2000), a fraude e o voto de cabresto. E, já que nos comparamos com os EUA, aqui o presidente é eleito pela maioria dos votos, enquanto lá os votos passam por um Colégio Eleitoral critério que causa uma distorção, pois nem sempre quem obtém maioria no voto popular é eleito.
Por outro lado, por lá vota quem quer, o voto não é obrigatório. Apesar de no Brasil o voto ser obrigatório, observa-se uma quantidade pequena de votos nulos e brancos, o que nos leva a concluir que o eleitor, mesmo contrariado, vota bem e participa do processo eletivo de maneira responsável.
Nesta reta final, observamos também uma corrida às pesquisas. E para que servem pesquisas? Para valorizar os analistas e os institutos que as fazem. Fora isso, servem para desanimar as militâncias, ou para estimular o voto útil ou seja costumam fazer o eleitor deixar de votar em um candidato que não tem chance para votar no segundo colocado, por exemplo.
Podemos observar muitos erros em pesquisas. Ibope e Datafolha, os mais bem vistos, também erram. Em 2006, no primeiro turno da eleição presidencial, as pesquisas davam algo como 50% para Lula contra 35% para Geraldo Alckmin e todos os principais analistas políticos davam as eleições por encerradas no primeiro turno. A realidade das urnas, porém, mostrou porcentuais de 48,6% e 41,6%, respectivamente. Alckmin ficou 6 pontos acima do previsto. Como se vê, a teoria é bem diferente do fato real, constatado nas urnas.
Pesquisa não é resultado final. Assim, colabore com nossa jovem democracia escolhendo bem, observando o histórico e o potencial de cada candidato, analisando suas propostas e seu comportamento na campanha. Você estará ajudando a construir uma cidade melhor.
Mario Eugenio Saturno é professor e tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). (mariosaturno@uol.com.br).
*O titular da coluna, Luis Fernando Verissimo, está em férias.