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Rio de Janeiro – Gestantes, idosos e deficientes físicos têm prioridade nas filas dos bancos. Nem todos os idosos precisam provar o ano de nascimento com a carteira de identidade. Está na cara que são idosos mesmo. Os deficientes também escapam da prova – infelizmente são óbvios.

Com as gestantes a coisa é mais complicada. É preciso esperar alguns meses para que a gravidez fique explícita, inquestionável. Uma gestante de dois meses, querendo invocar o privilégio de não apodrecer na fila, pode mostrar o resultado do laboratório que prova a gestação e aí será merecedora do privilégio.

Ignoro se ainda existe o teste do sapo. A suspeita de uma gravidez era testada num sapo. Não sei se o sapo morria ou apresentava qualquer sinal de anormalidade, mas era tiro e queda para comprovar se a gestante era gestante mesmo.

O respeito às gestantes é um dos pontos simpáticos da civilização humana. Nos ônibus, elas merecem que alguém se levante e ceda o lugar. Trata-se de um cavalheiro. Toda a glória e louvor à gestante.

Responsável pela condição da gestante, o gerador (ou gestor) é mais ou menos como o sujeito oculto de uma frase gramatical. Há casos em que a gestante não sabe quem é o gestor, mas isso é problema dela, mais dela do que do gestor. São exceções à regra. Geralmente o gestor acumula as funções de marido da gestante e se habilita às sobras que devemos àquelas que vão gerar mais um herdeiro do "legado da nossa miséria" – segundo Brás Cubas.

A gestante tem de ser amparada pelo gestor. Em tempos de independência da mulher, ela pode assumir o ônus da gestação, mas, na maioria dos casos, o gestor sempre arranja um modo de assumir a responsabilidade, por si ou por terceiros.

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