Rio de Janeiro A última terça-feira (6/6/06) formava o número da Besta do Apocalipse, responsável pelo terror dos tempos que o inevitável pleonasmo chamou de apocalípticos.
Ao longo dos séculos, o 666 foi atribuído primeiramente a Nero, terror dos cristãos. O último teria sido Hitler, terror do mundo todo. Nunca entendi como se faz a soma das letras de determinado indivíduo para resultar neste 666 coisas da cabala. Já tentaram me explicar, mas não entendi direito e, o que parcialmente entendi, completamente esqueci.
Acontece que a terça-feira formava no calendário o número fatal que está no último livro da Bíblia cristã. E foi marcada pela invasão do Congresso por gente do MLST, sob o comando de um petista amigo de Lula. Mais lenha na fogueira, não apenas pelo ato de selvageria em si mesmo, mas pelo fato de a liderança estar ligada, pelo partido e pela história pessoal, ao presidente da República.
Evidente que a invasão foi devidamente (mas não sinceramente) repudiada por todas as chamadas forças vivas da nacionalidade. Provocou na verdade um protesto equivocado. Seria mais lógico se a turba indignada e disposta a tudo fosse reclamar diante do Palácio do Planalto, onde o presidente despacha. Nesse particular o Congresso não tem culpa no cartório. A reforma agrária pretendida pelos sem-terra tem de nascer, crescer, ser administrada politicamente e executada pelo executivo. O legislativo entrou de gaiato na história.
Além do mais, foi promessa formal de Lula durante a campanha anterior e certamente será um carro-chefe na atual campanha na qual já está mergulhado até o pescoço. Não foi o Congresso que traiu os sem-terra. Foi o presidente da República, sem vontade ou sem poder para cumprir o que prometeu.