Rio de Janeiro – Por diversas vezes manifestei minha descrença na democracia representativa, tal como ela vem sendo praticada entre nós. Saímos há pouco de uma eleição majoritária, assistimos o balé das alianças e compromissos, mais cedo ou mais tarde o tempo revelará os acordos feitos, o dá-lá-toma-cá, sem esquecer os grupos e pessoas que investiram no novo desenho da nossa vida pública.

CARREGANDO :)

Nem recolhemos os galhardetes e as flâmulas da campanha eleitoral de outubro passado, e a fauna política está novamente assanhada com a perspectiva de nova eleição, desta vez para a presidência da Câmara dos Deputados, cujo titular, além da importância inerente ao cargo, é o terceiro na linha sucessória da Presidência da República.

Um dos candidatos já revelou o seu programa: dará aumentos aos deputados e indicará seus principais eleitores, seus cabos eleitorais mais afoitos, para ministérios e autarquias. Tirando os nove fora, o mesmo processo que não faz muito elegeu o Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara. A isso, os teóricos da política chamam de "renovação" de quadros e intenções.

Publicidade

Não vem ao caso discutir quem seria o melhor. Os dois candidatos lançados têm méritos, mas a escalada ao poder, sobretudo quando o colégio eleitoral é pequeno, macula qualquer passado, polui qualquer transparência: o eleito será aquele que mais prometer.

É uma pena que as coisas sejam assim. Tudo nos conformes da democracia representativa, todos obedecendo a regra do jogo e, convenhamos, um jogo sujo no qual estamos sempre perdendo.

A impressão que se tem, após a experiência do Severino, que abriu uma terceira via na eleição passada, é que os nomes mudaram mas o processo de vencer continua o mesmo.