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Foi monumental a abertura da Olimpíada de Pequim, na qual não faltaram as nossas conhecidas alegorias de mão, que tanto brilham no carnaval brasileiro. No entanto, faltaram as alegorias de Mao. Os milenares fastos da China passaram por cima do longo período em que Mao Tsé-tung ameaçava ser maior do que o país que ele governou com mão de ferro, coadjuvado por sua mulher, que também fez das suas na decantada Revolução Cultural, que pretendia mudar não apenas a China mas o mundo todo.

É bem verdade que a situação daquele país, em termos políticos e de direitos humanos, continua naquela base, criando uma discussão paralela: o atual e portentoso desenvolvimento da economia chinesa compensa ou atenua o regime de força?

A obrigação de um Estado é, antes de mais nada, criar condições de liberdade para o povo. O progresso é necessário e bem-vindo, mas o importante é garantir que o cidadão seja livre para inclusive se beneficiar do progresso. Certa vez, Mussolini propôs aos italianos: pão ou canhão. Preferiram o canhão. Deu no que deu.

Os entendidos estão prevendo que o século 21 será o século da China. Ela será a única superpotência mundial nas próximas décadas. Um neto de 12 anos, que nasceu e mora em Washington, freqüenta uma escola onde, entre outras matérias, aprende o mandarim – a língua oficial dos chineses. É um sintoma ao mesmo tempo cultural e pragmático. É bom que as novas gerações se preparem para o futuro. Não o futuro alegórico de mão ou de Mao, mas o futuro real, que aponta para a economia e a ditadura do mercado.

De minha parte, já passei da idade de aprender o mandarim ou qualquer outra coisa de utilidade imediata. Estou mais preocupado em não esquecer o pouco que aprendi.

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