Não estou atualizado nem me preocupo com isso. Mas volta e meia leio e ouço depoimentos nostálgicos de eras anteriores ao dilúvio e aos dinossauros. Outro dia, tomei conhecimento de um repertório brega que serviu de trilha musical para gerações que, como naquela canção infantil, deram adeus e foram embora.

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Meto minha colher no mingau e lembro "Amada Mia", cantada por Dick Haymes, mas lançada na versão "Amado Mio" por Rita Hayworth num filme que garantia nunca ter havido mulher como Gilda. "Amada mia, love me forever" e que este ‘forever’ comece nesta noite. Era letal.

O núcleo da breguice era o repertório das churrascarias e dos inferninhos nos subsolos de Copacabana, onde, para desespero de minha mãe que me queria padre, iniciei uma felizmente interrompida carreira de pianista da madrugada. Nas churrascarias, o "hit" preferencial era "Babalu", o grito sensual da magia negra; nos inferninhos, não se resistia a "Perfídia", que Ingrid Bergman e Humphrey Bogart dançaram naquela cena do cabaré de Paris – recordamos e "As time goes by" e esquecemos que no final de tudo, depois de Casablanca, eles só teriam Paris para sempre.

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Havia as estradas vicinais de efeito igualmente fulminante, Pablo Neruda com sua canção desesperada, tão curto o amor, tão largo o esquecimento, Vinicius de Moraes com seu soneto da fidelidade, chupado de Henri de Régnier (1864-1936), o amor que seja infinito enquanto dure.

Não conheço os equivalentes atuais para pintar o clima devastador que encerrava os prolegômenos e iniciava os finalmentes. Roberto Carlos parece que ainda funciona ao longo dos trilhos da Central do Brasil e da antiga Leopoldina Railway. Não ando por aquelas bandas – desconfio que estou perdendo alguma coisa boa.