Rio de Janeiro – Não se trata de fobia ao verde e amarelo, mas sinto falta do azul. Deve ser culpa daquele verso de Castro Alves, "auriverde pendão da minha terra", que um concurso por aí promoveu a verso mais bonito da literatura brasileira. Houve também o movimento verde-amarelo, de literatos que mais tarde tomaram rumos diferentes, alguns deles se tornando comunistas – e outros, integralistas.

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Mas sempre me pergunto: cadê o azul? Nossa bandeira, como a do Fluminense, a do São Paulo, a da França, a da Itália e a de outros clubes e pátrias, é escancaradamente tricolor. Tem uma faixa e estrelas brancas, mas são acessórios: o visual que vemos e sentimos é mesmo tricolor, o azul se destacando tanto ou mais do que o amarelo.

Em tempos de Copa do Mundo, o verde-amarelo simplifica as coisas, mas, como toda e qualquer simplificação, torna-se simplório. Além do mais, há outras bandeiras que têm o mesmo verde e o mesmo amarelo, mas nenhuma delas traz o azul do nosso céu sereno, imaculado etc. etc. – tal como antigamente aprendíamos no curso primário.

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Não tenho vontade nem tempo para promover uma campanha que reabilite o azul, integrando-o às nossas cores nacionais, obrigatórias e facultativas, como nas torcidas pelo Brasil durante as Copas. Acho que o azul melhoraria o nosso visual cívico e esportivo. Estou fatigado de ver na tevê, nas ruas e nos caminhos, sobretudo na publicidade, as duas cores que retratam a beleza sem par de nossas matas e a riqueza de nosso subsolo cheio de ouro – ouro que, segundo os ufanistas, não acabaria jamais.

Nossas verdes matas estão sendo devastadas, e o amarelo do ouro foi parar em Portugal e na Inglaterra. Sobrou-nos, afinal, o azul do céu, um céu nem sempre sereno, mas sempre azul, a menos que venha uma borrasca.