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Foram muitos, muitíssimos, os palpites sobre a visita de Ahmadinejad ao Brasil, e nada demais que eu também meta a colher nesse mingau.

Sinceramente, achei que as reações, dentro e fora da mídia, nas ruas e nas faculdades, foram legítimas, mas também a atitude do governo, recebendo protocolarmente o presidente do Irã, não deixou de ter a sua serventia.

Afinal, os dois países mantêm relações diplomáticas e comerciais, que tendem a aumentar após a visita e os acordos assinados. O fato de Ahmadinejad ser a bisca que é não pode demonizá-lo a ponto de ser uma não pessoa no cenário internacional.

Ele ouviu, de corpo presente e com a ajuda da tradução simultânea, tudo o que Lula teve a dizer – e disse-o bem, falando sobre o uso pacífico da energia nuclear e ressaltando a necessidade de um acordo de paz no Oriente Médio. Também condenou o apoio a terroristas, pecado de qual o Irã é costumeiramente acusado. Praticamente, Lula disse tudo o que todos pensam sobre o Irã e sobre o seu atual presidente.

A turma que se manifestou contra a visita acredita que o Brasil deva ser uma casta Suzana, senhora acima das contingências terrenas, juiz superior capaz de eleger o bem e reprovar o mal. Ninguém deu ao Brasil – como não deu a nenhum outro país – esse poder teológico ou moral de separar o joio do trigo.

Não há dúvida de que o presidente iraniano não é simpático. Sua última eleição provocou muito sangue e ele governa o seu país com mão de ferro, desrespeitando os direitos humanos, calando a oposição, assassinando intelectuais.

Tudo isso é verdade, mas o Brasil mantém relações com ele e com seu país, tira vantagens nos acordos comerciais e, hipocrisia à parte, a casta Suzana não é tão casta assim.

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