Li não sei onde que as inundações em Santa Catarina tiveram como causa a progressiva devastação da Selva Amazônica. Tudo é possível: cada árvore derrubada lá em cima equivale a uma rua alagada aqui em baixo. A Bíblia dá conta de um dilúvio bem maior, as cataratas do céu se abriram e choveu durante 40 dias e 40 noites, não apenas Santa Catarina, mas toda a face da Terra ficou inundada.

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Parece que naquele tempo não chegou a haver desmatamento nem na Amazônia nem em lugar algum. Foi um castigo de Deus ao ver o que homens e mulheres andavam fazendo.

Pensando bem, acho que a causa é mesmo essa: homens e mulheres ao longo dos séculos não ficaram no bem-bom, fazendo o que é gostoso e que tanto desagradou ao Criador. Fizeram diversos tipos de fumaça. Depois da roda, que era inofensiva, inventaram motores de combustão, aviões a jato, usinas nucleares.

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Num romance que publiquei ali pelos inícios dos anos 60, coloquei o personagem principal, um velhinho de 65 anos, esfregando as mãos no suéter que acabara de vestir, apesar de ser verão, e constatando: "Isso são efeitos da bomba atômica!" No Catumbi, onde morava, começava a fazer frio em dezembro e calor em junho. Só podia ser efeito das explosões nucleares. E se consolava: "No meu tempo é que elas não existiam!"

Na catástrofe que se abateu no Sul do país – e periodicamente em outros lugares do mundo – as causas variam, mas é uma só: a degradação ambiental e o descaso governamental. A deputada Luciana Genro, nesta semana, fez comovente apelo na Câmara, lamentando que o presidente da República só visitou as regiões inundadas dias depois da calamidade que matou tanta gente e alagou cidades inteiras, naquela que pode ser considerada a maior tragédia do ano.