Rio de Janeiro – Barragem em um rio, não sei se no Piauí ou em Alagoas, foi orçada inicialmente em R$ 30 milhões. Posteriormente, a obra recebeu novo orçamento, à base de R$ 70 milhões, mais do que o dobro da primeira avaliação. Veio o segundo mandato de Lula e, logo nos primeiros dias de seu novo governo, foi lançado o PAC, pseudônimo de Programa de Aceleração do Crescimento. A barragem passaria a custar R$ 120 milhões.

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Tal como o Fome Zero do primeiro mandato, lançado entusiasticamente nos primeiros dias de Lula no poder, tanto o governo como a mídia em geral louvaram a aceleração do crescimento – agora, sim, o Brasil iria deslanchar, chegaria lá.

Evidente que o projeto da barragem fora malfeito. Logo passaria para o dobro, mas nem assim os R$ 70 milhões bastariam. Finalmente, os técnicos do governo chegaram ao preço justo, que, além da barragem propriamente dita, teria gordura suficiente para bancar todos os intermediários, laranjas, lobistas e demais interessados.

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Não é sem motivo que a aplicação do PAC está patinando, com governadores, prefeitos, senadores e deputados querendo beliscar o suculento pudim que saiu dos fornos do Alvorada. Tem de dar para todos. Uma obra de R$ 30 milhões, ainda que reajustada para R$ 70 milhões, precisa de verba maior para contentar a todos.

São muitos os programas de crescimento acelerado que o governo pretende executar. Para tornar-se realidade, cada projeto precisa pagar não apenas os custos técnicos de cada empreendimento mas contemplar os inexplicáveis intermediários interessados na liberação das verbas e, se possível, no próprio aumento das verbas.

O Brasil vai bem, obrigado. Talvez não consiga acelerar o crescimento, mas conseguiu acelerar a corrupção.