Difícil encontrar quem nunca tenha escorregado diante de uma pergunta bem colocada, como um toque de craque no cantinho do gol. E, se o autor da questão for o repórter Mário Magalhães, a sagacidade em forma de bom moço, fica ainda mais difícil fazer a defesa.
Eduardo Paes, o bom moço em forma de político, não segurou a língua diante da pergunta e até riu: "Fumei, traguei e não gostei". Já respondeu sabendo que teria de buscar a bola na rede. Ela foi parar no YouTube.
Fumou sim, e daí? Nada demais, noves fora a hipocrisia dominante no meio político, onde parece reinar a máxima do "tudo pode desde que ninguém saiba". Em busca do poder, são construídas imagens de homens irreais, todos tão dedicados à família, ao povo, aos bons costumes... Era aí que estava o ponto. Na imagem imaculável que Paes queria projetar. Por isso a sensação do "frango" tomado e o desconsolo, na platéia do debate da Folha, de seus assessores e aliados ao ouvir a confissão. Baixaram cabeças, balançaram-nas, evidenciaram tiques nervosos.
Tudo bem também. Estavam no papel deles. O papelão foi no fim da tarde daquele dia, quando as redações receberam nota assinada pelo candidato que buscava minimizar a declaração, ensinar aos jornais como editar a informação e jogar a brasa do baseado no colo do rival, batendo numa tecla mais velha do que andar para a frente.
Gabeira e a maconha não dão mais lide, este santo graal que os jornalistas tanto procuram para abrir seus textos e fisgar o leitor pela novidade ou impacto. A nota, que era para consertar o estrago, acabou publicada com a confissão. Um mico. Mas duro mesmo, agora, vai ser Paes explicar lá na Catedral da Fé do novo irmão Marcelo Crivella que só um "tapinha" não dói.
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