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Reclamação geral: não se suporta certo tipo de linguagem, como o economês ("valor agregado", por exemplo). O internetês é também intolerável ("bj", "tb" etc.). Sem falar na mais antiga de todas, a do juridiquês, consagrada, data venia, nos pareceres e nas sentenças de todos os graus da Justiça.

Implico também com linguagem acadêmica, não exatamente a da ABL ou a de outras academias de letras, mas a da universidade, onde se localizam os mais profundos conhecedores de todos os assuntos, inclusive os literários.

Já recebi críticas e louvores da turma e nem sempre consigo compreender o que estão dizendo. Dependendo da leitura que se faz, o mesmo texto pode ter sentidos contraditórios, como certas fábulas das antigas ilhas Papuas. Dou o exemplo de uma resenha que li numa revista especializada: "Nos livros de Joana Quintella, a linguagem trabalha a si própria, numa pulsão metamorfoseadora de pluralidades de sentidos, compensando a ausência de referencialidade com um excesso luxuriante e retórico".

Outro dia, por dever profissional, encarei um conferencista dos mais notáveis do meio diplomático, um desses caras que aparecem na televisão como "cientista social". Ele explicou com sapiência e à exaustão a vitória de Obama nas eleições norte-americanas.

Não entendi nada. Antigamente, poderia dizer que não entendi patavina, mas já nem sei mais o que é "patavina". Não havia tradução simultânea, como nos simpósios internacionais que se realizam em todo o mundo. Nem legendas, como no cinema.

Apesar da minha ignorância, fui perguntado por um repórter que desejou saber a minha opinião sobre o mesmo assunto. Pensei em tudo o que não entendera e respondi: "Acho que Obama teve mais votos do que o adversário".

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