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Rio de Janeiro – Lá no fim, depois do imenso corredor, a placa amarela indicava o portão n.º 5 – "Gate Five" –, segundo a recepcionista da companhia aérea que o atendeu no balcão. Mas não precisava indicar nenhuma porta ou portão para saber onde ficava o terminal que embarcaria o próximo vôo para o Rio.

Sim, era ali, gate 5, vôo 812 para o Rio. A sala cheia de gente berrando, falando alto, fazendo e refazendo malas de mão, onde está o MP3 do Julinho, você esqueceu o aparelho de barba no hotel? onde fica o banheiro?, esta mala vai dar bode, não passa pelo corredor do avião, cadê o Gustavo?, você é do Rio ou de São Paulo?, acha que a alfândega vai criar problema, são apenas 54 quilos a mais, onde está meu passaporte, esse avião já está atrasado, cadê a fotografia que tiramos no Empire State?, o vôo era mesmo para o Rio.

Ele queria ser invisível naquele instante, além de invisível, mudo, surdo e cego.

Foi obrigado a pedir licença para encostar a sua valise no canto onde um casal abrira as malas para fazer o transpasse de uma batedeira elétrica para uma sacola com a cara do Mickey Mouse bordada em amarelo.

No meio de roupas novas e usadas, DVDs e tênis complicadíssimos, um bebê chorava – era uma bagagem suplementar que o casal levava; volta e meia a mãe berrava com ele, cala a boca, Júnior! Chamava-se Júnior, ainda por cima.

Teve vontade de falar outro idioma para não ser identificado, mas não adiantou. Um sujeito pediu que ele segurasse um embrulho que se liquefazia, "güenta as pontas, cara, é só um minuto, que volto já!". Uma mulher gorda carregando um teclado eletrônico levantou a suspeita: "acho que o nosso portão é o 3", tem um avião da Varig na pista. Começou a debandada.

Não havia dúvida.

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