O presidente do Irã, cujo nome é tão complicado que me recuso a escrevê-lo, cancelou em cima da hora a sua visita ao Brasil e a alguns países aqui do segundo andar da geografia mundial. O argumento foi tão esfarrapado quanto a própria cara presidencial, que tem a seu favor um único detalhe simpático: aboliu a gravata, mesmo em cerimônias oficiais.
A desculpa protocolar foi a da situação interna do Irã. O país atravessa um período eleitoral, e não fica bem a um candidato viajar ao exterior em plena campanha presidencial. Acontece que tanto a eleição naquele país como a viagem à América Latina estavam agendadas havia muito.
O motivo do cancelamento foi a pisada de bola do presidente iraniano em recente foro internacional, quando expressou um sentimento racista em relação a Israel, motivando a saída de diversos representantes europeus daquela reunião.
É evidente que ele tem o direito de defender a causa dos palestinos que se sentem prejudicados historicamente, desde a criação do Estado judeu. Mas não se trata de um problema racial ou religioso. Ninguém no Oriente Médio está brigando por causa de Moisés ou de Maomé, por causa da santificação de um sábado, para os judeus, ou de uma sexta-feira, para os maometanos.
A briga é mais antiga. Na realidade, é a mais tradicional na história dos povos: ocupação de território. Nem raça nem culto estão em jogo. Judeus e árabes são primos de sangue, descendentes de um tronco comum, podem viver e vivem pacificamente em diversas regiões do mundo.
Com a sua desastrada fala em hora e em ambiente impróprios, numa reunião internacional em que o clima deveria ser o mais cordial possível, o presidente do Irã aumentou desnecessariamente um fosso que já é trágico demais.
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