Rio de Janeiro Algum tempo atrás, em comentário feito na rádio CBN a respeito da Abin, citei como exemplo das falhas daquele serviço de informações oficiais do governo a certidão solicitada por uma aluna de curso de mestrado que fazia uma tese sobre minha obra de escritor.
Entre as sandices arroladas (uma conspiração para assassinar o marechal Castelo Branco no cemitério São João Batista, em novembro de 1966), o documento garantia que eu era proprietário de um hotel no Rio Grande do Sul.
Recebi agora um ofício da própria Abin fazendo referência ao meu comentário radiofônico, praticamente um pedido de desculpa, dizendo que a informação estava errada, que se tratava na certa de algum homônimo argumento que não engoli de todo.
Acho difícil que haja um homônimo por aí que seja dono de hotel. Se se tratasse de um João de Souza ou de um José da Silva (nada tenho contra esses nomes, são exemplos de homônimos possíveis), eu poderia aceitar a explicação.
De qualquer forma, achei bacana o ofício que dava razão ao meu comentário. Também achei curioso que a Abin estivesse na escuta do programa que mantenho na CBN com o Heródoto Barbeiro e o Arthur Xexéo. E que tenha tomado providências e acertado o meu endereço, não enviando o ofício para um homônimo acaso existente.
Eu vinha adiando uma crônica sobre esse assunto, afinal, a aluna que fazia o mestrado, de posse do ofício da Abin, perguntou-me se eu pretendia assassinar o presidente. Não cheguei a tanto.
Em companhia de intelectuais e de amigos, demos uma vaia em Sua Excelência na porta do Hotel Glória ficamos presos duas semanas num quartel da PM. Foi a única intervenção física que fiz contra o regime militar. Minhas outras prisões foram por delito de opinião.
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