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Rio de Janeiro – Uns pelos outros, aqueles que comentam a atitude de Roberto Carlos pedindo à Justiça o recolhimento de sua biografia, escrita por um admirador honesto, comparam o episódio com a queima de livros na Alemanha de Hitler e Goebbels.

Apavorados, declaram iminente uma caça às bruxas impressas, alguns chegam a citar o filme "Farenheit 451", a polícia invadindo casas em busca de livros, independentemente de seu conteúdo.

Além do exagero, a visão infantil do caso em si. A apreensão do livro "Roberto Carlos em Detalhes", a pedido do cantor, é um fato isolado, interpretado por um juiz, e não como ação global de um governo ou de um grupo ideológico ou político interessado na lavagem cerebral da sociedade.

Os que leram a obra consideram que a medida judicial foi descabida e que o livro não contém injúria nem calúnia ao biografado. Abre-se então a discussão sobre o limite da privacidade a que todos temos direito e a fome da sociedade em saber tudo o que acontece em seu seio. Pessoalmente, não alimento nenhuma curiosidade em saber se o cantor tem ou não tem uma perna mutilada. Dou de barato que há gente que gosta de coisas assim.

Quem saiu mal do episódio foi o próprio cantor, embora o prejuízo seja do autor, da editora e dos interessados em saber tudo da vida de um artista complicado. A prevalecer o critério da absoluta privacidade, o mercado editorial ficará limitado às biografias autorizadas, que no fundo são autobiografias escritas por outros.

Herdeiros do biografado sempre recorrerão à Justiça para descolar uma reparação qualquer. Se houver algum descendente de Antônio Conselheiro ainda em atividade, ele poderá pedir que se recolham todos os exemplares de "Os Sertões".

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