Todos os anos há uma série de centenários que merecem ser comemorados. Tivemos o de Machado de Assis e o de Euclides da Cunha. Agora, em 2010, já estamos lembrando outro gigante de nossa história, o pernambucano Joaquim Nabuco, que atuou na diplomacia do Império e da República, foi fundador, com Lúcio Mendonça e Machado, da Academia Brasileira de Letras e marcou um dos momentos mais brilhantes de nossas relações exteriores, ao lado de Rio Branco e Ruy Barbosa.
Para festejar um de seus principais fundadores, a ABL está promovendo uma série de palestras, sendo que a primeira esteve a cargo do ministro Celso Amorim. Foi uma aula magna diante de um plenário lotado, que o aplaudiu de pé. Para todos os efeitos, Nabuco marcou um padrão de diplomata e de escritor que raramente encontramos em outros países.
Outro centenário que a ABL vai comemorar neste ano é o de Noel Rosa. Bastante estudado pelos especialistas, Noel entrará postumamente numa academia de letras por mérito e gosto. No ano passado foi a vez de Villa-Lobos, e nada demais que o poeta da Vila receba a homenagem e as palestras que serão feitas em sua memória.
Juntar Nabuco e Noel num mesmo ano de comemorações pode parecer uma extravagância acadêmica, mas não se pode negar a importância dos dois na formação de nossa cultura e de nosso afeto.
Tomei conhecimento dos dois ainda em criança, lendo na Antologia Nacional, de Fausto Barreto e Carlos Laet, um trecho de Minha Formação, o livro de memórias de Nabuco. Na mesma época, fiquei comovido quando ouvi As Pastorinhas, que até hoje mexe aqui dentro comigo. Mas o grande legado de Noel são suas letras magistrais, anúncio do modernismo e do estilo carioca de caminhar pela vida.
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