Rio de Janeiro A Associação Brasileira de Imprensa iniciou as comemorações de seu centenário, e o Audálio Dantas, vice-presidente da entidade, realizou com sucesso o 1.º Salão do Jornalista Escritor, no Memorial da América Latina, em São Paulo. De certa forma, todos os escritores se consideram jornalistas eventualmente escrevem em jornais ou revistas, são membros de associações da classe e dos sindicatos.
O critério para estabelecer quem é escritor é fácil: basta ter um livro publicado. Para definir o jornalista é mais complicado. Delfim Netto escreve em jornais há mais de 50 anos, mas não se considera um jornalista, embora seja um colunista e articulista dos mais conhecidos e freqüentes.
Entende-se como jornalista aquele que teve vivência nas Redações, dando horário, exercendo funções que resultam no jornal do dia seguinte. Há escritores-jornalistas que colaboram na imprensa, mas são incapazes de fazer a legenda de uma foto, o título em duas colunas da própria reportagem que escreveram.
Lembro o caso de um embaixador de carreira, bom romancista, excelente poeta. Em momento de vacas magras, foi ser redator de uma revista aqui no Rio. Recebeu o layout com uma foto para fazer a legenda. Num tempo pré-computador, o diagramador indicou o tamanho: 1, 42. O redator teria de fazer uma frase com uma linha de 70 batidas de máquina de escrever mais 42 batidas, num total de 112.
O escritor passou a manhã medindo com uma régua a frase que achava apropriada para servir de legenda àquela foto. No fim do dia, devolveu o layout ao diretor da redação, dizendo ser impossível fazer uma frase de um metro e 12 centímetros para identificar a foto do ex-presidente Café Filho tomando um coco pelo canudinho.