É espantoso o espanto da oposição com o fato de Luiz Inácio Lula da Silva ter recuperado, nas mais recentes pesquisas, os (poucos) pontos de popularidade perdidos no levantamento imediatamente anterior.

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Espantoso porque só um tarado seria capaz de atribuir ao presidente culpa pela crise. Com muita má vontade, o máximo que se poderia dizer é que ele foi, digamos, desatento, ao vir com a bobagem da "marolinha", coisa que o PSDB recupera na propaganda que tem ido ao ar esta semana, apesar de a frase infeliz estar com o prazo de validade vencido.

Digamos, só para raciocinar, que tenha havido menosprezo à crise. E daí? Daí nada. Mesmo que Lula passasse 24 horas por dia diante de uma telinha de computador, acompanhando a evolução da crise no resto do mundo, e mesmo que, a cada notícia nova, emitisse ordens para a adoção de medidas preventivas (ou corretivas), ainda assim a crise teria chegado basicamente do tamanho que chegou.

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Portanto, se a oposição quer ganhar a eleição do ano que vem, ou esquece a crise ou diz o que faria – que Lula não fez – para atenuar seus efeitos e/ou dela sair em melhores condições.

Outra coisa que a oposição poderia fazer é um pouco de aritmética: o governador José Serra, seu candidato por enquanto mais forte, tem mais intenções de voto do que todos os seus perseguidores somados – condição que lhe asseguraria a vitória no primeiro turno se a eleição fosse agora, mesmo no auge da popularidade de Lula.

Eu acho que é mais "recall" do que verdadeira intenção de voto, mas o que eu acho é irrelevante.

Relevante, do ponto de vista dos candidatos presumíveis, é saber como manter esse índice (ou melhorá-lo), no lado da oposição, e como aproximar bem mais o prestígio de Lula da intenção de voto em Dilma Rousseff.