Os entendidos garantem que, em política, tudo é possível. Os não entendidos, como eu, por estranha coincidência, garantem a mesmíssima coisa e nada os espanta na política, tanto na amadora como na profissional: tudo é possível.

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Vai daí, dei uma de Martin Luther King e também tive um sonho, aliás, um pesadelo: um sujeito estranhíssimo, parecido com o Ferreira Gullar, me abria as portas do futuro, onde havia uma pedra que parecia um altar e dela tirava um jornal que tinha na primeira página, em corpo 22, a coluna de um dos entendidos em política.

No sonho, eu não sabia ler – coisa que sei mais ou menos na vida real –, e o sujeito leu para mim a tal coluna. Nela se dizia que a candidatura de Marina Silva não era para valer, que Serra e Aécio iriam até o fim na indecisão de quem seria o quê, um não querendo ser vice do outro, abrindo espaço para um tertius dentro do PSDB.

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Procura daqui, procura dali, alguém do PMDB, interessado em não ter candidato próprio, mas louco para ter uma alternativa que o evite de fechar com Dilma Rousseff, sugeria que esse tertius fosse Fernando Henrique Cardoso, que, apesar da idade provecta, ainda dá para o gasto, desde que, quatro anos depois, não tente uma reeleição.

Como me encontrava na dimensão do futuro, pedi acesso a outras páginas do jornal. E fiquei pasmo: no segundo caderno, com fotos e uma nutrida crônica do Ruy Castro a respeito, havia reportagem dando conta de que uma expedição de antropólogos, policiais, químicos industriais, peritos em DNA e humoristas de TV tinha finalmente encontrado os ossos de Dana de Teffé.

Com isso, eu teria perdido um assunto recorrente toda vez que estou sem assunto e teria meu emprego ameaçado – o que seria a única vantagem do pesadelo.